14 de julho de 2004

As coincidências da vida...

- De onde você é?

Entendam, para mim essa é uma das perguntas mais difíceis de responder. Eu nunca sei se a pessoa quer saber se eu moro próximo, em outra cidade, ou se estão perguntando de onde sou originalmente.

- Do Brasil! - respondeu minha filha antes que eu pudesse perguntar o que ela queria dizer. Eu confirmei que, sim, originalmente do Brasil.

- Você tá brincando!!!

O diálogo transcorreu na única locadora de vídeo que serve a pequena cidade de 4000 e poucos habitantes que nós moramos, um suburbio da capital do Estado.

A interlocutora, uma moça de seus 20 anos, passou então a explicar que ela tinha sido adotada do Brasil. A princípio achei que fosse uma piada, mas ela começou a prover detalhes: nasceu em Fortaleza (não sabia o Estado) e seu nome no Brasil tinha sido Beatriz. Disse o nome completo da mãe biológica - um nome bastante comum para o Nordeste do Brasil - e contou a história da mãe adotiva e sua própria, adotada ainda um bebê.

Uma brasileira - sim, porque ela manteve a cidadania brasileira apesar de ter adquirido a cidadania americana - criada como americana, numa cidadezinha pequena do interior de um estado com pouca ou nenhuma afluência de estrangeiros.

E curiosíssima sobre o Brasil!!!

A felicidade dela era patente. Conversamos um pouco e ela perguntou se eu me incomodaria se ela ligasse para nós para saber mais sobre o Brasil. Disse que seria um prazer, nos despedimos e sai da loja.

Comentei com a minha esposa - que se encontrava no supermercado próximo - e ela fez questão de ir falar com a menina. Depois de 5 minutos de papo sobre Brasil, e de combinar aulas de português, idas a nossa casa para ver fotos e conversar, e breves comentários sobre a vida dela como americana; surpresa das surpresas: um abraço entre as duas.

Acreditem-me, é muito raro ver americanos se abraçando. Muito menos numa situação onde as pessoas acabaram de se conhecer.

Talvez a genética brasileira seja realmente diferente!

Coincidências da vida...

Quem sabe nós não podemos dar uma perspectiva à essa menina do que ela perdeu e ganhou tendo sido adotada por uma família americana?

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