20 de janeiro de 2009

Hail to the chief...

Pela primeira vez para Barack Obama, as 12:06, foi tocada "Hail to the chief" - a marcha oficial do Presidente dos Estados Unidos.

Começa aqui um momento histórico para os EUA - um país que até pouco tempo proibia o casamento interracial e ainda tem bolsões de racismo declarado e violento. Foi eleito e empossado um homem, aparentemente competente, inteligente e loquaz, independente da cor da sua pele. A mídia e os discursos da posse fizeram questão de enfatizar a cor da sua pele, mas o importante é justamente o contrário - a cor da sua pele não importou, e isso sim é um passo na direção certa. Para a humanidade.

O país parou para assistir a posse. A posse anterior que vivi nos EUA (Clinton para Bush) não chegou perto dessa. Milhares de pessoas em Washington enfrentaram o frio para prestigiar a cerimônia. Em Nova Iorque uma turba parou em Times Square. Escolas, como a da minha filha, pararam para ouvir o primeiro discurso como presidente em exercício.

O discurso foi honesto. Dividiu a culpa pelas adversidades atuais entre governo, empresas e indivíduos que falharam em fazer as escolhas corretas, e apertar o cinto. Obama insistiu que os americanos são os guardIões do legado de uma America livre e justa, fundada em princípios que jamais devem ser abandonados. Eu acho que os americanos exageram nesse sentimento de líder do mundo (não sei se o resto do mundo, conscientemente, demanda essa liderança)...

Claro que existem expectativas enormes. Claro que o momento é dos mais delicados para os EUA e para o mundo.

Só resta aos americanos, e - feliz ou infelizmente - ao mundo interconectado em que vivemos, esperar que as expectativas sejam recompensadas com gradual sucesso. Não para o bem de Obama, mas para o bem de todos nós.

Que clareza de pensamento, liberdade de expressão, e verdade tinjam o governo do novo presidente.

7 de janeiro de 2009

Encerrada a temporada de fim de ano

Terminou hoje a temporada de fim de ano - pelo menos pra nós aqui em casa.

Tivemos conosco meus sogros, cunhada e família. No total 6 pessoas a mais na casa. Por mais ou menos 30 dias. A casa é grande, camas existem, e é sempre bom estar com quem a gente gosta...

Meu concunhado é gente boa e temos muitos interesses comuns, minha cunhada melhorou muito e está quase pra ser promovida de bruxa insuportável a bruxa apenas (mas tem de se esforçar um pouco mais - lasanha com mais molho ajudará o caso dela), meus sogros são divertidos de ter em volta como alvo das minhas inúmeras (e insuportáveis) brincadeiras, muitas das quais minha sogra acredita piamente serem a sério. Eu deixo ela acreditar porque pra mim é ainda mais engraçado vê-la fazer bico porque a chamei de fofoqueira ou porque "deixei claro" gostar do meu sogro e não dela. Ah, a injúria maior esse ano foi dizer que ela perdeu a mão pra cozinhar. Quem mandou economizar bacalhau?

Mas bom mesmo foi ter as crianças - desculpem... a criança e a adolescente - aqui conosco. A distância não permite que os vejamos tanto quanto gostaríamos, então foi sensacional conviver com meu sobrinho de 7 anos e minha sobrinha (ainda que não de sangue, como ela fez questão de deixar claro) de 13 anos por um tempo um pouco mais longo.

O garoto é, de longe o moleque mais gente boa do mundo, mesmo tendo um constante excesso de energia que chega a assustar um pouco. E que moleque engraçado... A principio ele ficou meio zangado comigo constantemente chamando ele de mané, zé, pereba (ele perdeu váaaaaarias vezes no Mario Kart - é pereba!), etc; mas depois de um tempo ele mesmo perdia um jogo e gritava "Eu sou um pereba!!!" e quando ganhava fazia uma dança da vitoria que só assistindo pra entender o nível da comédia.

A menina está uma moça. Bonita, simpática (bom, tão simpática quando se pode esperar de uma adolescente - momentos de simpatia entremeados por momentos de "eu odeio..."), concentrada (lia horas a fio), e inteligente. Também ficou revoltada com a minha incansável perseguição (porque, como dizem todos aqui na casa eu "não tenho limites") e piadas. Mas acho que com o tempo se tocou que era perda de tempo se aborrecer... Se não se tocou, na próxima vez que estivermos juntos eu continuo tentando convencê-la que é perda de tempo enquanto sacaneio ela um pouco mais. Eu espero que ela tenha captado a mensagem sobre raciocínio crítico - que sempre devemos questionar as "verdades" que nos apresentam e ter certeza que avaliamos as questões sobre todos os pontos de visto (resultado de uma conversa a caminho do Kennedy Space Center da NASA) - se ela sacar isso agora, vai chegar a idade adulta muito mais preparada que seus pares. Um pouco mais cínica também...

São meus sobrinhos (não de sangue no caso dela) favoritos até meu irmão ter filhos. ;-)

Parece que é só alegria - mas é claro que reunir tanta gente, com personalidades diferentes, rotinas diferentes, interesses diferentes, debaixo de um teto só tem seus revezes. A casa estava ultra-lotada, as pessoas esbarram uma nas outras e querem coisas diferentes das TVs, videogames, computadores, etc. E a nossa rotina - a rotina da família que não está de férias e tem de continuar tocando o seu barco enquanto tentando dar a atenção devida aos hospedes - enlouquece completamente. Estou morto de cansado com atividades em todos os fins de semana e o trabalho durante semana. Mas ninguém se esfaqueou, apesar de em alguns momentos eu perceber que a minha "falta de limites" ia fazer com que alguém me mandasse a merda (o que simplesmente recompensaria meu esforço... prometo conseguir em vezes próximas!), ou a constante ruptura das nossas rotinas (estou ficando velho, preciso das minhas rotinas!) me fizessem querer sumir por uns 5 dias.

Meus pais e meu irmão este ano não vieram - e nem poderiam, a casa simplesmente não comportaria mais ninguém. Senti uma falta danada deles - o primeiro natal da minha vida sem meus pais, acho eu - mas era uma impossibilidade física. A Andréa tem passado os natais com a minha família desde que casamos, era justo que passássemos um natal com a família dela.

Agora é consertar tudo que a minha cunhada quebrou na casa, e voltar a nossa querida rotina.

Dentre mortos e feridos, salvaram-se quase todos.

Feliz 2009.