31 de janeiro de 2005

É de doer...

Da coluna do Ancelmo Gois no Globo, apresento esta nota:

"No Fórum de Porto Alegre circulou o jornal 'Frente Operária', dos trotskistas-posadistas, que lá pelas tantas escreve que a tsunami foi 'mais um genocídio do sistema capitalista, que está em guerra contra a Humanidade'.

A matéria diz que só os países ricos tiveram informações sismológicas com antecedência."


Ou seja: ignore-se que foi a competição do capitalismo que incentivou o surgimento de diversas tecnologias que tomam parte na produção das informações sismológicas. Ignore-se também que os países que tinham acesso a informação não tinham quem contatar nos países que sofreram a tragédia porque não existe um órgão nos países afetados para receber e agir em casos de emergência. Ignore-se ainda que, mesmo que se houvesse informado diretamente o presidente da república de cada um dos locais afetados, não havia sistema de alerta. E, finalmente, ignore-se que vários dos locais afetados tinham no turismo uma fonte gorda de recursos e mesmo assim não tinham nenhuma dessas facilidades básicas.

A culpa das mortes é do capitalismo.

Eu não sei se é burrice ou simplesmente má fé - essa gente ganha a vida falando mal de algo/alguém e organizando tumultos - mas independentemente, é de uma ignorância inacreditável.

Dói.

30 de janeiro de 2005

Todos juntos, vamos, pra frente Brasil...

O que é que eu vivo dizendo aqui e em todos os lugares onde alguém se dá ao trabalho de me escutar (ou, pelo menos, não me mandam calar a boca)???

Que no Brasil os sonhos das pessoas se resumem a:

a) Ser funcionário público (i.e. parar de trabalhar)
b) Ser funcionário de uma mega-empresa-internacional (i.e. se esconder no ranking corporativo e rezar para não entrar numa barca de demissão)

O Sr.Indignado descreve, e eu me recuso a reproduzir - vai lá ler que ele merece - a verdadeira face da juventude no Brasil.

Quantas gerações futuras estão arruinadas meu Deus?

Sabe quando isso vai ter jeito?

Eu repito isso bastante por aqui também né?

Tá, vou calar a boca.

28 de janeiro de 2005

Produção x Vendas; o diálogo

- Eu alguma vez já te contei que eu começei uma pós-graduação em marketing?
- O quê?
- Sério...
- Mentira!
- Sério mesmo! Eram 2 anos de curso e eu cheguei a completar um ano...
- Porque parou?
- Ah, maluco... Era rídiculo né? O amontado de abobrinha que os caras impingiam aos alunos... E os alunos? A maioria nem emprego tinha ainda, récem saidos da faculdade e já de novo numa sala de aula para pegar outro título e ver se aumentavam as chances de um empreguinho numa grande empresa para se encostar. Os que tinham emprego eram os administradores e economistas que achavam que o curso ia dar eles o alcance para posições melhores nas empresas...
- Pô, mas não se aproveitava nada?
- Não, também não é assim... Eu achei bem legal ver como é que o outro lado da moeda - as pessoas que só tem de dizer o que nós vamos fazer e não pegam no pesado - funciona. Os caras vivem numa realidade diferente...
- Como assim?
- Exemplo: essa classe que você está escrevendo. Eu tô vendo que você está usando os princípios de Test Driven Development. Vc tem um teste automatizado para validar seu programa... Isso é uma preocupação com qualidade.
- Ué, claro. Nós estamos cansados de saber que se não tivermos essa preocupação os clientes vão ser prejudicados, e reclamar.
- Pois é... O pessoal de vendas não tá nem aí pra isso. Qualidade pra eles é o cliente ter uma imagem simpática deles e eles alcançaram a cota de vendas do período. Se o produto não estiver funcionando, a próxima versão conserta. Ou então, até lá, eles arrumam outro emprego - talvez com o concorrente.
- Ah, peralá... Você tá exagerando!
- Exagerando? Cara, os caras nesse curso só se preocupavam com duas coisas: propaganda e vendas. Tinha um cara falando de gargalos e produtividade mas a aula dele era a mais curta e com menor frequência.
- Então vai ver que você pegou o curso de marketing errado, a escola errada, sei lá...
- Não cara, eu acho que não. Eu acho que os caras são treinados pra vender e só. Assim como a maioria de nós é treinada pra resolver problemas através de software e só.
- Mas isso é uma temeridade...
- É, eu sei... E por isso que nossos parceiros pressionam para que entreguemos softwares sem nenhum tipo de análise de requisitos, sem nenhum tipo de teste extensivo, em grandes blocos de funcionalidade, e tudo pra ontem. E é por isso que nossos gerentes acham tudo isso absolutamente normal. Foram todos treinados na mesma linha "filosófica".
- Mas, sei lá... De repente a gente pode educar essa gente...
- É sim. Você só pode estar brincando...
- Porquê?
- Cara, mesmo que eu educasse o nosso gerente para ele entender os problemas que ele causa com decisões abruptas e sem conhecimento de causa, e assumindo que ele me entendesse; o chefe dele vai continuar tomando decisões abruptas e sem conhecimento de causa! E mesmo que eu conseguisse educar o chefe do meu chefe, e todos os chefes acima dele, teriamos os clientes para educar...
- Então não tem jeito...
- Tem. Nós temos que ter uma pessoa que entenda os problemas, que conheça o trabalho, fazendo o papel de um ombudsman tecnológico. A criatura vai ter de deixar de atuar como profissional técnico para ser um semi-morto-vivo: nem gerente nem programador... Um pé em cada mundo. Seria um posição altamente burocrática, mas fundamental. Eu vejo reuniões... Centenas de reuniões num mês. O cara passa o dia explicando obviedades para que seus colegas técnicos possam fazer seu trabalho da melhor forma possível. Um mártir, um mártir!!!
- Hmm. Pode ser. Mas porque começamos a falar nisso mesmo?
- Porque você começa amanhã como morto-vivo. Parabéns!
- ...

Seria cômico não fosse trágico...

Do Ancelmo Gois: "Os pedintes de ônibus, aqueles do “eu poderia estar roubando, mas estou pedindo”, pegaram o metrô. Investem R$ 2 na passagem, mas ficam o dia inteiro no ar refrigerado."

Educação nem pensar!

27 de janeiro de 2005

Poema geek

Se essa não é uma camiseta bacana, eu não sei o que é!

Promovendo a boa comida!

Slow Food é uma iniciativa para combater o alastramento do fast food no mundo e sua tendência a acabar com a educação do paladar.

Nada contra um haburguer bem feito - nada de McDonalds para mim - mas não há como comparar nada do que o fast food apresenta com qualquer coisa da cozinha Portuguesa e/ou Italiana.

Bacana!

24 de janeiro de 2005

Enquanto aí permitem, aqui é o praxe!

Finalmente medicamentos fracionados de acordo com o uso no Brasil.

Ou perto de finalmente, porque agora vem a parte mais difícil: como implementar a decisão com as farmácias funcionando como funcionam.

Aqui nos EUA ao levar uma receita médica à farmácia - sim, porque sem receita só os analgésicos e anti-gripais mais simples, nada de comprar viagra ou antibiótico sem receita - o farmaceutico (mesmo, não aqueles balconistas vestidos de branco) só te dá a quantidade específicada pelo médico, e você só sai com o remédio depois dele explicar como usar o medicamento e o que fazer em caso de sintomas adversos.

Tenho certeza que no Brasil vai ser igualzinho!

23 de janeiro de 2005

Do Millor na Veja...

"Ao senhor ministro do Exterior, a pergunta que me sufoca: 'Em que exato momento histórico nossa ignorância passou a ser virtude cívica?'"

22 de janeiro de 2005

Debates, conversas ou... Correio?!?

Por causa de um post indicado pelo Del.icio.us do Jonas, me peguei pensando sobre se debater tem alguma serventia...

Por muito tempo eu achei que sim. Eu achava que me expressar com clareza e apresentar meu ponto de vista e opiniões fundamentalmente influenciaria o interlocutor.

E, pasmem! Eu continuo achando isso...

O que mudou foi a como eu encaro essa influência que eu posso exercer...

Antes eu tentava convencer os interlocutores. Tentava "ganhar" o debate. Tentava impor a minha posição sobre a posição dos outros. Eu acreditava que ia mudar alguma coisa nos outros ou no ambiente que nos cercava.

Debates, nesse sentido, são uma grande perda de tempo!

Hoje em dia eu acredito que existem algumas poucas situações sob o meu controle, algumas mais que eu posso influenciar (um pouco) o resultado, e uma enorme maioria que foge absolutamente do meu controle ou da minha esfera de influência.

Convencer alguém de alguma coisa - qualquer coisa - que essa pessoa queira se dar ao trabalho de realmente discutir, é muito complicado.

Hoje em dia o máximo que eu espero é plantar a possibilidade de uma opinião diferente na cabeça de um interlocutor.

Dependendo do interlocutor, nem isso... Aliás, dependendo do interlocutor eu sequer me manifesto.

A blogoesfera, para mim, não é uma conversa nem debate. Ambas as premissas requerem uma interatividade que é - no barato - fraturada pela natureza assincrona da web.

Eu penso nela mais como uma nova versão do correio...

Manja "pen-pals"? Cartas mesmo... Você escreve sobre as coisas que te afligem ou que te interessam e, de repente, aquele ou aquela camarada que se corresponde com você lá da Europa (ou do quarteirão ao lado) manda uma cartinha comentando.

O bacana desse novo correio é que as coisas ficam registradas de forma pública.

Facilitando o encontro com correspondentes a favor e contra as suas posturas.

20 de janeiro de 2005

Viajando na idéia do Mac mini

O Robert Cringely, um dos textos mais agradáveis de ler do mundo tech e de uma visão incomum, fala do Mac mini.

Na verdade ele fala das suspeitas dele sobre o futuro da Apple na área de vídeo e como o Mac mini vai se encaixar nesse mercado.

Pelo menos aqui, onde os preços dos produtos são aceitáveis.

E onde existe uma iTunes store...

Pobre Brasil...

18 de janeiro de 2005

Quem te viu e quem te vê!

O homem mais rico do mundo quando ainda tentava a carreira de modelo internacional... ;-)

Em tempo: eu sei que rola um boato que o cara é um sósia e só, mas deixa eu me divertir achando que é tudo verdade! ;-)

17 de janeiro de 2005

Lembrem-se, é aquela CIA...

Da CIA: Brasil será potência em 15 anos!

Cantem aí o hino do Brasil vocês!!!

Esta é a mesma CIA que garantiu que haviam armas de destruição em massa e deixou acontecer o 11 de Setembro...

Fazem-me rir!

Sights and Sounds of Titan

Sons e imagens de Titã, a lua de Saturno

Com vários comentários da própria NASA.

Beber da fonte sempre que possível.

15 de janeiro de 2005

As inacreditáveis decisões idiotas do Governo Petista...

Não sou anti-PT, não sou anti-Lula, não sou de direita e nem de esquerda. Se o governo do PT estivesse fazendo um trabalho pelo menos mediano, eu daria parabéns da mesma forma que marreto quando acho que tenho de marretar.

Eu tinha lido no Acredite Se Quiser!, mas achei - desculpe Robson - que era piada!

Hoje vi na Veja.

O Itamaraty resolveu que o conhecimento da língua inglesa deixará de ser eliminatório no processo seletivo para ingressar na carreira diplomática.

A justificativa: remoção de um fato elitista!!! De acordo com a interpretação do Governo, a exigência do inglês "favorecia candidatos ricos ou filhos de diplomatas".

É de doer, sinceramente.

Concursos de qualquer espécie visam avaliar quem é o interessado mais adequado para ocupar uma posição. Um dos pré-requisitos para trabalhar com diplomacia é falar a língua-franca do meio diplomático: inglês. Mais do que isso; a verdadeira língua internacional.

Faz algum sentido isso?

Eu não sou filho de diplomata! Nem minha família é rica! Eu estudei inglês em cursinho - pago com sacrifício pelos meus pais - dos 7 aos 16 anos. E foi com o inglês que eu me dediquei a aprender que eu consegui o emprego que tenho hoje e com ele a possibilidade de viver onde vivo.

Mas, também, com um Presidente da República que discursa dizendo que é bom ter menos gente educada no Governo porque eles são mais sensíveis que os mais educados - coisa que eu ouvi, ninguém me contou! - o que se pode esperar.

O Brasil já era um país mediocre, mas agora vamos nos especializar: vamos ser estúpidos!!!

Meus sentimentos aos que ficam por aí.

12 de janeiro de 2005

O atual oposto da Microsoft

A IBM decidiu não cobrar royalties de 500 das patentes que detém para qualquer um que esteja usando a tecnologia em projetos Open Source.

Não só a IBM tem sido uma grande incentivadora de projetos open source diversos, incluidos aí o Linux e o maravilhoso Eclipse, mas eles deixam claro que realmente acreditam que o caminho para inovação é remover barreiras.

Mais, a IBM vai liberar o código dessas 500 patentes - variando de bancos de dados e gerência de storage até processamento de imagens e redes - para os projetos Open Source que queiram usá-los!

O artigo da The Economist é muito interessante e mostra um pouco de a quantas anda a propriedade intelectual aqui nos EUA. E como essa decisão da IBM pode mudar o rumo das coisas.

É a anti-MS.

Quem diria, logo a IBM...

Só no Brasil

Da coluna do Ancelmo Gois em O Globo:

"Está o maior auê na prefeitura da vizinha Magé. A atual prefeita, Núbia Cozzolino, quer saber onde foram parar dois pênis de borracha comprados com a nota fiscal 002493 na gestão da antecessora, Narriman Zito."

Só no Brasil...

Consolo comprado com dinheiro público desaparece misteriosamente.

Opa, apareceu de novo. Opa, desapareceu. Opa, apareceu de novo. Opa, desapareceu...

Algumas más não tão boas notícias sobre o Mac mini

O Ars Technica tem uma rápida análise sobre o Mac mini.

Duas coisas ruins: não é "user serviceable" (ou seja: nada de adicionar memória você mesmo ou trocar o disco rígido por sua conta) e só uma porta de vídeo (a princípio nada de multiplos monitores).

Parece que, de acordo com notícias vindas do salão da exposição, o upgrade de memória pelo usuário não é recomendado, mas não invalida a garantia; e segundo dizem é simples de fazer.

Ainda assim, pelo preço do modelo básico, vale a pena comprar pelo Mac OS X. A memória - que na apple sai cara, mas se não é user serviceable não tem jeito - é pouca e precisa ser elevada para pelo menos 512Mb (eu sugiro 768Mb). Não acho que valha a pena pagar $100 a mais para ter um pequeno bump na velocidade do CPU que pouco vai influir na performance. Quanto ao gravador de DVD, eu prefiro um externo de qualquer maneira, porque apesar de mais caro posso usar em vários computadores e emprestar se alguém precisa.

Quem usa o Mac OS X nunca mais quer usar outra coisa.

Pelo preço, bom negócio. Principalmente pra quem tá no Brasil - se, claro, conseguir que alguém leve na manha...

11 de janeiro de 2005

Mac mini

Estou aceitando pedidos para o Apple Mac mini. Minha comissão para a importação será discutida caso a caso!

Rodando Mac OS X, é na verdade a versão desktop (sem monitor) do meu powerbook (bom, meu powerbook tem uma CPU um pouquinho de nada mais rápida).

Barato e rodando o melhor sistema operacional da terra.

Se você quer um, avisa ai! ;-)

9 de janeiro de 2005

Ah, é...

E pra quem tá no Brasil, os meus votos de um bom carnaval.

É a única instância em que prefiro o inverno daqui mesmo...

Dose mesmo é escrever um texto em português...

E acabar usando não só anglicismos mas a grafia errada de uma palavra que tem um radical comum em português e inglês...

Facade = Fachada!!! Façada não existe!

Foi mal aeh qualquer coisa! :-(

8 de janeiro de 2005

Diálogo fictício...

- Como assim?
- Ué, é uma pergunta simples né?
- Não, não sei se é... O que exatamente você quer saber?
- Só isso: quem é você?
- Você me conhece há mais de 12 anos, como assim quem sou eu? Bateu com a cabeça?
- Não, eu conheço a pessoa que você projeta! Eu quero saber quem é você, de verdade.
- A pessoa que eu projeto?!? Porra, porque isso agora? Depois de 12 anos...
- Sei lá. Eu tenho pensado muito sobre isso, sobre quem sou eu. E aí me toquei que você faz parte da minha vida há tanto tempo. Queria saber primeiro quem é você...
- Você tá achando o quê? Que me "conhecendo" você vai conseguir se definir? Que vai se entender? Porra, você tem cada uma...
- Ué, entendendo o mundo a minha volta...
- Isso é típico de você! "Entendendo o mundo a minha volta"... Pô, esse caminho de descoberta pessoal que você tá procurando, que todo mundo tá procurando é um pouquinho mais complicado que isso! Não tem um "Finding your true self for dummies" não, minha filha!
- Ih, como você é grosso! Eu sei que não é fácil, eu nem sei se é um objetivo alcançável! Só que eu queria entender melhor a mim e acho que você é um ponto de partida tão bom quanto qualquer outro ué! Você está é evitando me responder!
- Evitando te...
- É isso sim. Você não quer revelar o seu verdadeiro eu para mim. E depois de 12 anos juntos!
- Peraí...
- Não, eu entendi muito bem! Você acha que eu não vou aceitar você como você verdadeiramente é!
- Mas você me conhece como...
- Não conheço não! Você se esconde! Você não se revela! A prova é exatamente essa conversa que estamos tendo!
- Peraí...
- Não tem peraí coisa nenhuma não. Não quer se revelar, quer continuar com essa fachada que você vem apresentando...
- Porra, fachada?!?
- Fachada! Fachada, sim! Eu não sei quem é você!
- O quê? Peraí...
- Não, eu não espero nada! Nem mais um minuto!
- Marildinha!
- Marildinha é o cacete, Paulo Cesar!
- Epa, meu nome não é Paulo Cesar!
- Aí, tá vendo! Até nome falso você me deu! Você é uma farsa Paulo Cesar, uma farsa!

Preconceitos 2...

"Preconceito é uma antipatia baseada em uma generalização inflexível e falha. Ele pode ser sentido ou expressado. Pode ser direcionado a um indivíduo ou grupo."

- Gordon Allport, no livro "A natureza do preconceito" de 1954

---

Eu estava pensando na vida - quem consegue evitar numa virada de ano? - e em como ela ensina, queiramos ou não, o quão tolos são nossos preconceitos. Pequenos e grandes.

Sim, pequenos e grandes. Todo mundo tem seus preconceitos, dos mais inofensivos aos que causam grandes guerras.

Na arrogância da juventude, quando sabemos tudo, os preconceitos são arraigados e as vezes quase nos orientam na vida. Mas as pessoas - pelo menos as inteligentes (que infelizmente, eu não canso de redescobrir no meu dia a dia, são minoria) - vão deixando para trás preconceitos dos mais variados. Porque, dentre outras coisas, aprendemos que não sabemos nada.

Mas o ponto desse post não é dizer que os jovens são idiotas e que os mais velhos são sábios. Isso também é um preconceito tolo... Eu conheci pessoas mais novas que eu na minha vida que tinham uma visão de vida menos preconceituosa e mais sábia que a minha em certos aspectos. E muitas pessoas mais velhas que eu que de sábias não tinham nada.

O ponto é: antes de discriminar, antes de agir com base no seu preconceito, lembre-se que a certeza de hoje pode ser a lembrança do preconceito tolo da juventade amanhã.

E como diferenciar o que é preconceito do que é a realidade pessoal de cada um? Como saber se o seu desgosto ao ouvir música sertaneja é preconceito ou se você simplesmente não gosta de música sertaneja?

Exercitando a tolerância.

Bom ano novo.

Preconceitos...

"Um grande número de pessoas acha que estão pensando quando na verdade estão rearranjando seus preconceitos."

- Edward R. Murrow

6 de janeiro de 2005

E para os que me perguntam...

E para os que me perguntam se eu não vou comentar que o software dele congelou na cara dele...

Isso já aconteceu em outros keynotes.

Já é tão esperado que ninguém se surpreende.

Chutar cachorro morto (ainda que bilionário) é feio...

O problema dos monopólios - exemplo maior: Microsoft

Numa entrevista para a CNET, Bill Gates fala de quase tudo que a Microsoft vem fazendo mercado de varejo.

Um destaque, sobre o Firefox:

"Bem, as pessoas se confundem sobre os browsers. Você pode ter quantos navegadores você quiser no seu PC, da mesma forma que você pode ter toneladas de music players e coisas do tipo.

Portanto quando as pessoas dizem 'Firefox está sendo baixado para as máquinas das pessoas', é verdade, mas o Internet Explorer (IE) também está nesses sistemas. O Firefox é novo e as pessoas estão testando. Há uma percentagem de pessoas que fazem isso - é muito fácil baixar.

Nós precisamos manter o IE o melhor. Nós precisamos inovar o IE, fazer mais aditivos, mais melhorias. Nós temos planos excitantes nessa área. Uma percentagem dos usuários vão tentar o Firefox e o IE lado a lado, e usar o que for melhor."

Minha análise desse comentário tem de partir do total abandono que o IE sofreu desde que foi lançada versão 6 (inclusive com o anúncio por parte da MS de que seria a última versão do produto). A Microsoft não via competição, tinha o total domínio do espaço da aplicação e imediatamente perdeu a motivação para inovar.

Foi preciso surgir o Mozilla, seguido pelo Firefox, com seu tabbed browsing (a la Opera) e as inestimáveis extensions para que a MS se manifestasse. E parece que agora a coisa andará novamente.

O maior problema do monopólio da MS é esse - apesar deles insistirem que são inovadores por natureza - isso não é verdade. Eles "inovam" - na minha opinião absorvem (idéias ou empresas, depende do quão difícil vai ser para copiar!) - quando começam a perder dinheiro; e só. Numa situação de domínio absoluto, não se movimentam.

Nem mesmo para consertar ou garantir a segurança dos próprios produtos.

O Windows melhorou muito desde o Windows 3.1 ou do 95; não há dúvida. No espaço dos servidores corporativos em grande parte pela pressão da alternativa semi-gratuita - o Linux. As melhorias implementadas nos servidores acabaram de certa forma replicadas também para o mercado consumidor como um todo.

Mas o melhor comentário de todos nessa entrevista veio no bojo de um gracejo (no meu entendimento) sobre propriedade intelectual:

"Existem menos comunistas no mundo hoje do que houveram. Existem alguns mais-ou-menos-comunistas dos dias modernos que querem se livrar dos incentivos para músicos e produtores de filmes e desenvolvedores de softwares sob várias égides. Eles não acham que esses incentivos devem existir."

É um claro "jab" nos que não acreditam no amplo poder que o DRM (Digital Rights Management) ganhou nos EUA - a ponto de hoje em dia até fabricantes de impressora clamarem que as pessoas que compraram seus equipamentos não podem usar cartuchos de tinta de outras empresas porque isso viola sua propriedade intelectual!!! Ou naqueles que acham que o desenvolvimento Open Source é não só viável mas tem o potencial de produzir código de melhor qualidade e portanto softwares mais seguros e em constante evolução.

O problema não é a propriedade intelectual, mas a o uso da idéia e das leis de propriedade intelectual para proibir a evolução natural dos produtos e idéias e, em última análise, a competição.

A outra faceta cruel - de que a MS faz uso constantemente - é o abuso dos direitos do consumidor com as EULAs (End User License Agreement) absolutamente desleais que isentam a MS de tudo e não garantem ao consumidor absolutamente NADA.

O resto da entrevista é o usual "Louvemos a MS" e o "Tudo vai bem" que se espera do dono da empresa.

Mas lembre-se, por mais que você goste da MS, que é sua obrigação como consumidor avaliar as opções.

O Linux - que muita gente acha difícil de instalar e de usar - melhorou muito nos últimos anos. Este post foi escrito numa instalação do Fedora Core 3 que além de ter um desktop muito fácil de usar, instalou de primeira e sem dores de cabeça no laptop da empresa. Se precisar de ajuda, é só falar.

Outra opção é o Mac OS X nos computadores da Apple - na minha opinião a melhor opção; só que entendo que são inacessíveis a maioria dos brasileiros.

E mesmo se você continua rodando o Windows, instale softwares open source, instale softwares de empresas menores. Teste, teste, use, use, teste.

É a competição e o senso de perda de dividendos por perda de audiência que vai garantir que a MS vai continuar competindo e "inovando".

Porque, afinal, quem é mais comunista (no sentido mal-utilizado da palavra, de provocar terror, que o Bill quis dar)? Os que querem competição ou os que querem um monopólio? O que é o comunismo senão o monopólio mais terrível?

Competição: sempre um bom negócio.

4 de janeiro de 2005

1 de janeiro de 2005

Enquanto no mundo todo marretam os EUA...

Enquanto no mundo inteiro marretam os EUA por não terem contribuido o suficiente (realmente a contribuição inicial foi pífia...) para os esforços de recuperação e auxílio as áreas afetadas pelo maremoto (que tsunami é coisa de japonês), a Amazon apresenta a soma angariada pela Cruz Vermelha através do website.

139563 pessoas contribuiram com mais de $11 milhões de dólares no momento em que escrevo este post.

Isso dá uma média de US$ 80 por doador.

E isso só na Amazon. A Cruz Vermelha aceita doações de diversas outras fontes. E existem várias outras entidades idôneas coletando fundos para auxiliar as vítimas do desastre.

Registre-se, mais uma vez, o meu mantra: o Estado Americando e suas políticas são muito diferentes do Povo Americano.