5 de julho de 2009

Fim de semana perfeito...

Sexta-feira foi ponto facultativo - e como a Bolsa de NY fechou, a empresa pra que trabalho fechou também. Aproveitei o dia pra pintar a sala aqui de casa.


Sim, você leu direito. Aqui quem pinta a parede é o dono da casa. Ou, tendo a grana, paga-se uma fortuna pra alguém fazer um serviço fácil e que é até uma distração. Unha de fome que sou, prefiro fazer eu mesmo. Mas o mote do post não é esse...

Sábado eu não fiz NADA. N-A-D-A. Li um pouco. Dormi. Ajudei (pouco) a minha esposa com a faxina da casa. Vi muito pouca TV. Comi. Dormi. Ganhei vários beijos da minha filha na piscina. Dormi. Acho que jogamos um pouco de Nintendo Wii... ou foi na Sexta a noite? Sei lá.

Domingo acordei tarde, fui passear com o cachorro na companhia da minha filha e fizemos um churrasco improvisado na casa de uns amigos. Mais beijos da minha filha na piscina. Já em casa consegui terminar o story mode do Mario Party 8 no Nintendo DS.

Ou seja: passei tempo com a minha família. Descansei. E joguei video-games.

A vida poderia ser bem pior do que isso...

E eu tenha extrema dificuldade em imaginar vida muito melhor!

17 de março de 2009

Perspectiva

Outro post que ficou estagnado por meses...

Há uns dois anos, numa conversa de fim de dia, um colega me pediu para resumir minha filosofia de trabalho (que ele conhecia de acompanhar meu sistema de comportamento obsessivo no dia a dia) pra um rapaz bem mais novo que nós, recém saído da faculdade. Eu disse algo nas linhas de:

Em qualquer situação, eu espero que o pior aconteça, me preparo pro pior, imagino qual deve ser minha reação no caso (bastante provável) do pior acontecer, e planejo detalhes da reação que devo ter nas pequenas variações admissíveis do pior acontecimento. Aí, quando o pior acontece eu estou preparado, e se o pior não acontece - o que é raro - eu fico menos deprimido e até levemente satisfeito.
A reação do rapaz foi meio chocante pra mim...

Ele disse: "Isso é horrível!" com uma expressão de pena tão visível que até senti uma ponta de preocupação pelo MEU estado mental.

Mas o tempo passou e eu não pensei mais nisso. Até que há uns dois dias (nota: comecei a escrever este post em Dezembro...) um colega de Wisconsin - um dos caras mais inteligentes com quem já trabalhei e por quem eu tenho o maior respeito profissional e pessoal - passou por aqui pra nos visitar e durante a conversa disse algo como:
Eu expliquei para [o interlocutor da história] que com você reclamar não era nem tanto um objetivo, mas a maneira de você se expressar sobre quase tudo.
Eu não deixei transparecer, mas o comentário dele fez uma imediata conexão com a reação do rapaz da história original. Parece que não só eu sou um pessimista digno de pena, mas um reclamador profissional.

O fato é que sou pragmático demais pra ser otimista. Esperar o melhor, acreditar na (ou pior, depender da) sorte, viver esperando que o amanhã vai ser melhor não combina com a característica prática que define, em grande parte, a minha personalidade. Qualquer pessoa prática prefere estar preparada, e preparação exige esse exercício de "what if?" e essa habilidade de imaginar desfechos negativos.

Esse traço de personalidade somado ao fato de que, no fundo, nossa profissão é a de encontrar ineficiências e projetar soluções em software para redimí-las, certamente deixa muito vivo no dia a dia as mazelas da profissão - colegas despreparados, software pré-existente mal pensado ou defasado, chefes e colegas que não entendem o que nós fazemos, constante necessidade de atualização profissional beirando a histeria, ferramentas de trabalho problemáticas ou hiper-complexas, etc. Será anormal ter uma visão crítica e até negativa de uma profissão quando realmente a conhecemos a fundo? Será estranho reclamar quando a experiência profissional se acumula a ponto de que nada mais é efetivamente novo?

Além de tudo, aqui nos EUA muito da minha personalidade normal acaba sacudida pelo quebra-molas mental (por menor que seja hoje em dia, e não é tão pequeno assim) que é a segunda língua. Sem contar que determinados comportamentos, que no Brasil definem o caráter de uma pessoa, são inaceitáveis aqui.

É possível que minha experiência de vida, e esses limites mentais e sociais afetem a imagem que eu projeto mais do que imaginava.

E é possível - não, é certo - que eu simplesmente deixe muito a flor da pele as minhas frustrações.

A solução ideal para frustrações é simples - não as tenha. Trace objetivos realistas e alcançáveis. Se o objetivo depende só de você e nada mais, não há frustração envolvida. Como é quase impossível ter objetivos que dependam somente de nós (sem contato com outras pessoas ou ferramentas que possam interromper ou atrasar o alcance do objetivo em questão), é quase impossível não lidar com frustrações.

Eu sei qual é o paliativo que funciona: perspectiva.

Na porta da minha sala eu tenho um cartão que diz que
quando o trabalho se torna opressivo, lembre-se que você vai morrer.
Parece extremo, e é lógico que o autor escreveu o cartão com uma intenção humorística, mas a verdade é que a perspectiva que a mensagem traz é eficaz em controlar minhas frustrações no trabalho.

Perspectiva é isso: lembrar que o que é realmente importante.

Claro que trabalhar é importante e que ganhar o seu sustento trabalhando da melhor forma possível é o mínimo que se espera de um profissional.

Mas se eu for removido do trabalho, a empresa continua (como continuaram todas as que deixei por oportunidades melhores). Mudar de país não muda o que você deixou, nem o adotivo. A vida continua, com ou sem você.

Se você faltasse, o que seria realmente afetado?

Isso é importante.

O resto é resto.

11 de março de 2009

Um artigo interessante...

Li esse artigo do Joel Spolsky ainda em Janeiro. E estou desde então com ele na cabeça e sem tempo pra blogar.

O artigo é sobre como recompensar performance, psicologia, e o impacto de ambas as coisas no "bottom-line" das empresas. Vale a pena ler no original, mas eis aqui a tradução porca do google...

Eu acho que o que o Joel esquece é que, usualmente, as pessoas de melhor performance são competitivas por natureza. Não importa se elas estão costurando roupas para cachorros, produzindo código na linguagem de última geração, ou trabalhando com atendimento ao consumidor. Ignorar essa característica com "todo mundo contribui e não seria justo julgar as pessoas de forma diferente" é jogar contra o caráter mais básico das pessoas de melhor performance - alijando-os justamente do sentimento de que sua contribuição é bem recebida.

Eu concordo que a maioria das pessoas tem o hábito de se julgar mais competentes do que efetivamente são, com raras exceções. É o efeito Dunning-Kruger que já mencionei aqui de outras vezes. Todos sofremos esse efeito em algum aspecto das nossas vidas. Mas não seria o papel de um bom gerente - como o Joel Spolsky é - justamente identificar quem são os diamantes e quem são pedaços de carvão na sua equipe? E mais: manter contentes os diamantes a qualquer custo? Porque quem quer uma equipe de pessoas regulares?

Ele não discute no artigo como as pessoas respondem de formas diferentes a diferentes recompensas... Eu gostaria que ele tivesse investido um pouco nisso. Algumas pessoas só precisam ouvir um cumprimento de vez em quando, outras precisam ouvir cumprimentos o tempo inteiro; e algumas pouco se importam com cumprimentos e preferem a parte delas em progressão corporativa ou o bom e velho dinheiro vivo.


No fim das contas, em seu artigo, Joel está tentando achar uma solução de tamanho único pra um problema que tem haver com psicologia individual e observação. Ele devia estar se perguntando "O que eu poderia ter oferecido ao Noah - individualmente (se ele era realmente tão bom...) - que teria feito com que ele nos escolhesse ao invés do Google?"

A resposta poderia ser - nada! Ele escolheria o Google de qualquer maneira, ponto.

Mas que perguntas o Joel tinha de se fazer para que a resposta pudesse ser diferente?

16 de fevereiro de 2009

Antes de comprar um pacote de CRM...

Antes de comprar um pacote de CRM para sua empresa, faça o seguinte:

a) Exija uma instalação de demo sem obrigação de compra posterior

b) Teste não só a experiência do usuário, mas o quão fácil é modificar, extender e criar novos workflows

c) Desconfie de pacotes que tem uma versão web, mas que exigem a versão não web para funcionar - isso quer dizer que eles jogaram uma série de serviços web em cima de uma infraestrutura potencialmente antiquada e inflexível

d) Me pergunte da minha experiência com consultores que orientam na escolha de um pacote de CRM

e) Me pergunte da minha experiência com o provedor de CRM que minha empresa contratou - e que não posso divulgar em foro público, mas que terei prazer em discutir individualmente

Vão te dizer que a maior barreira para o sucesso de uma implementação CRM é adoção por parte dos usuários. Pode ser. Mas na minha experiência a capacidade de adaptação RÁPIDA as necessidades dos usuários é o ponto crítico da adoção do pacote. E pra responder rapidamente na mudança dos requisitos, é preciso uma infraestrutura técnica adequada.

Ou seja: faça o seu dever de casa...

20 de janeiro de 2009

Hail to the chief...

Pela primeira vez para Barack Obama, as 12:06, foi tocada "Hail to the chief" - a marcha oficial do Presidente dos Estados Unidos.

Começa aqui um momento histórico para os EUA - um país que até pouco tempo proibia o casamento interracial e ainda tem bolsões de racismo declarado e violento. Foi eleito e empossado um homem, aparentemente competente, inteligente e loquaz, independente da cor da sua pele. A mídia e os discursos da posse fizeram questão de enfatizar a cor da sua pele, mas o importante é justamente o contrário - a cor da sua pele não importou, e isso sim é um passo na direção certa. Para a humanidade.

O país parou para assistir a posse. A posse anterior que vivi nos EUA (Clinton para Bush) não chegou perto dessa. Milhares de pessoas em Washington enfrentaram o frio para prestigiar a cerimônia. Em Nova Iorque uma turba parou em Times Square. Escolas, como a da minha filha, pararam para ouvir o primeiro discurso como presidente em exercício.

O discurso foi honesto. Dividiu a culpa pelas adversidades atuais entre governo, empresas e indivíduos que falharam em fazer as escolhas corretas, e apertar o cinto. Obama insistiu que os americanos são os guardIões do legado de uma America livre e justa, fundada em princípios que jamais devem ser abandonados. Eu acho que os americanos exageram nesse sentimento de líder do mundo (não sei se o resto do mundo, conscientemente, demanda essa liderança)...

Claro que existem expectativas enormes. Claro que o momento é dos mais delicados para os EUA e para o mundo.

Só resta aos americanos, e - feliz ou infelizmente - ao mundo interconectado em que vivemos, esperar que as expectativas sejam recompensadas com gradual sucesso. Não para o bem de Obama, mas para o bem de todos nós.

Que clareza de pensamento, liberdade de expressão, e verdade tinjam o governo do novo presidente.

7 de janeiro de 2009

Encerrada a temporada de fim de ano

Terminou hoje a temporada de fim de ano - pelo menos pra nós aqui em casa.

Tivemos conosco meus sogros, cunhada e família. No total 6 pessoas a mais na casa. Por mais ou menos 30 dias. A casa é grande, camas existem, e é sempre bom estar com quem a gente gosta...

Meu concunhado é gente boa e temos muitos interesses comuns, minha cunhada melhorou muito e está quase pra ser promovida de bruxa insuportável a bruxa apenas (mas tem de se esforçar um pouco mais - lasanha com mais molho ajudará o caso dela), meus sogros são divertidos de ter em volta como alvo das minhas inúmeras (e insuportáveis) brincadeiras, muitas das quais minha sogra acredita piamente serem a sério. Eu deixo ela acreditar porque pra mim é ainda mais engraçado vê-la fazer bico porque a chamei de fofoqueira ou porque "deixei claro" gostar do meu sogro e não dela. Ah, a injúria maior esse ano foi dizer que ela perdeu a mão pra cozinhar. Quem mandou economizar bacalhau?

Mas bom mesmo foi ter as crianças - desculpem... a criança e a adolescente - aqui conosco. A distância não permite que os vejamos tanto quanto gostaríamos, então foi sensacional conviver com meu sobrinho de 7 anos e minha sobrinha (ainda que não de sangue, como ela fez questão de deixar claro) de 13 anos por um tempo um pouco mais longo.

O garoto é, de longe o moleque mais gente boa do mundo, mesmo tendo um constante excesso de energia que chega a assustar um pouco. E que moleque engraçado... A principio ele ficou meio zangado comigo constantemente chamando ele de mané, zé, pereba (ele perdeu váaaaaarias vezes no Mario Kart - é pereba!), etc; mas depois de um tempo ele mesmo perdia um jogo e gritava "Eu sou um pereba!!!" e quando ganhava fazia uma dança da vitoria que só assistindo pra entender o nível da comédia.

A menina está uma moça. Bonita, simpática (bom, tão simpática quando se pode esperar de uma adolescente - momentos de simpatia entremeados por momentos de "eu odeio..."), concentrada (lia horas a fio), e inteligente. Também ficou revoltada com a minha incansável perseguição (porque, como dizem todos aqui na casa eu "não tenho limites") e piadas. Mas acho que com o tempo se tocou que era perda de tempo se aborrecer... Se não se tocou, na próxima vez que estivermos juntos eu continuo tentando convencê-la que é perda de tempo enquanto sacaneio ela um pouco mais. Eu espero que ela tenha captado a mensagem sobre raciocínio crítico - que sempre devemos questionar as "verdades" que nos apresentam e ter certeza que avaliamos as questões sobre todos os pontos de visto (resultado de uma conversa a caminho do Kennedy Space Center da NASA) - se ela sacar isso agora, vai chegar a idade adulta muito mais preparada que seus pares. Um pouco mais cínica também...

São meus sobrinhos (não de sangue no caso dela) favoritos até meu irmão ter filhos. ;-)

Parece que é só alegria - mas é claro que reunir tanta gente, com personalidades diferentes, rotinas diferentes, interesses diferentes, debaixo de um teto só tem seus revezes. A casa estava ultra-lotada, as pessoas esbarram uma nas outras e querem coisas diferentes das TVs, videogames, computadores, etc. E a nossa rotina - a rotina da família que não está de férias e tem de continuar tocando o seu barco enquanto tentando dar a atenção devida aos hospedes - enlouquece completamente. Estou morto de cansado com atividades em todos os fins de semana e o trabalho durante semana. Mas ninguém se esfaqueou, apesar de em alguns momentos eu perceber que a minha "falta de limites" ia fazer com que alguém me mandasse a merda (o que simplesmente recompensaria meu esforço... prometo conseguir em vezes próximas!), ou a constante ruptura das nossas rotinas (estou ficando velho, preciso das minhas rotinas!) me fizessem querer sumir por uns 5 dias.

Meus pais e meu irmão este ano não vieram - e nem poderiam, a casa simplesmente não comportaria mais ninguém. Senti uma falta danada deles - o primeiro natal da minha vida sem meus pais, acho eu - mas era uma impossibilidade física. A Andréa tem passado os natais com a minha família desde que casamos, era justo que passássemos um natal com a família dela.

Agora é consertar tudo que a minha cunhada quebrou na casa, e voltar a nossa querida rotina.

Dentre mortos e feridos, salvaram-se quase todos.

Feliz 2009.