5 de novembro de 2008

O mais importante da eleição de Obama...

O mais importante da eleição de Barack Obama como o quadragésimo quarto presidente dos Estados Unidos, não é o fato de ele ter sido eleito, ou o fato dele ser negro, ou mesmo o fato de ele ser democrata... E quem se apega à ideologia de direita ou de esquerda pra denegrir ou comemorar a eleição, está sofrendo de uma profunda ilusão sobre o que é importante.

O primeiro fato verdadeiramente importante: uma nova geração de eleitores, de todas as raças e idades, votou pela primeira vez. A campanha de Obama os levou as urnas. Isso pode ser o início de um maior envolvimento popular no processo eleitoral americano que tem a chance de salvaguardar os EUA e o mundo de fatos como os ocorridos nas duas últimas eleições presidenciais locais - com toda a roubalheira e dúvidas que elas geraram, além da eleição de um incompetente crônico. Quanto mais envolvidos com o processo eleitoral, maior a chance da população votar bem, escolher melhor, e eleger gente competente. Ou, pelo menos, gente menos incompetente.

O segundo fato verdadeiramente importante: contribuições pequenas (indivíduos) e grandes (grupos de interesse) para a campanha quase que par a par. Na maioria dos casos até aqui, os grupos de interesse deste ou daquele setor eram os maiores contribuintes para os fundos de campanha de um candidato. Ao que parece não foi o caso com Obama que coletou muito dinheiro de indivíduos - contribuições pequenas mas numa quantidade nunca antes vista. Um político eleito com o dinheiro de grupos de interesse e que pretenda se reeleger terá de atender aos interesses representados por tais grupos - ou não terá dinheiro para a campanha seguinte. E um político eleito por donativos da população em igual proporção aos dos grupos de interesse?

Pra mim esse segundo ponto é o mais interessante e o que vou acompanhar com maior atenção. Existe a possibilidade de, pela primeira vez em muito tempo, a população ter um peso tão grande quando os grupos de interesse. Ou pelo menos bem maior do que teve até aqui.

É possível que essa organização que a campanha de Obama criou se torne um modelo de envolvimento político da sociedade e de financiamento de campanhas que tem a chance de efetivamente transformar o país. Mais do que 4 anos de governo por um presidente - por melhor que ele seja - poderia fazer.

Parabéns a Obama pela eleição, claro.

Mas acho que o caminho que levou a sua eleição é muito mais motivo para agradecer do que sua eleição em si.

Que ele, a partir de Janeiro, governe bem. Se ele ouvir, como prometeu, já será um avanço indescritível sobre os últimos 8 anos de administração pública nos EUA.

E que os Republicanos revejam seu papel, seus princípios e voltem a ser o partido que precisam ser.

Mas sem esse partidarismo exagerado que ninguém agüenta mais...