27 de outubro de 2008

A medida do dano...

Eis a prova do quanto os oito anos de administração W.Bush danificaram a imagem dos Estados Unidos e, principalmente, do partido Republicano não só nos EUA mas no mundo inteiro.

O iftheworldcouldvote.com é um site que simula o que aconteceria se o mundo inteiro pudesse votar nas eleições americanas. O resultado é avassaladoramente pró Obama.

E daí? O que muda nas eleições por causa disso? Nada.

Mas é um interessante experimento. 16 mil votos do Brasil, 80% favoráveis a Obama. 18 mil votos da Austrália, 90% favoráveis a Obama. 41 mil votos do Canadá, 81% favoráveis a Obama. 20 mil da Finlândia e 10 mil da França, ambos mais de 90% favoráveis a Obama. E não são só as nações grandes ou ricas. Cuba, com 84 votos, é 80% favorável a Obama.

O único país claramente favorável a McCain é a Macedonia, com 439 votos e 87% deles favoráveis ao McCain. E na linha divisória a Albania, com 56% dos seus 23 votos pró McCain, e - surpresa - a Venezuela é quase pro-McCain, com 47% dos 705 votos indo para o candidato Republicano.

O dano a imagem do país e do partido que a atual administração causou ainda vai durar quanto tempo?

Porque, sejamos sinceros, quem conhece a plataforma dos candidatos? O que Obama representa efetivamente? E McCain? A galera da Macedonia é tão antenada com a plataforma Republicana? Ou que tal o pessoal da França - será que eles entendem efetivamente toda a nuance do partido Democrata e a plataforma de Obama?

Seja lá quem for eleito, as expectativas do mundo inteiro para os EUA são enormes.

Será possível atendê-las?

23 de outubro de 2008

Desenvolvedores e comunicadores...

Não, não é mais um dos meus inúmeros discursos contra a incompetência. Ainda que ultimamente eu tenha estado exposto a um grau enorme de incompetência e preguiça e me aborrecido intensamente com isso. Problema meu - já que tenho perfeita noção de que não posso mudar os outros, só a mim mesmo.

Ando pensando em como muito do que eu faço - já há algum tempo - tem a ver com comunicar as reais necessidades de um produto ou projeto não só para os usuários (que pensam saber o que precisam, mas confundem o que que querem com o que precisam) mas para o grupo interessado como um todo, incluindo gerência e até não usuários que vão se beneficiar com os resultados do projeto (aqui nos EUA, a palavra para definir esse grupo amplo é "stakeholders").

E não se trata só de comunicar, mas também de justificar, conseguir aprovação, mudar os objetivos, e até mesmo provar que o projeto não é necessário ou tem de ser completamente diferente.

É possível que um desenvolvedor esteja somente preocupado com código, com técnica, com o design da solução. Eu trabalhei com desenvolvedores que só queriam se preocupar com a parte técnica e nada mais. Alguns me diziam que "não é da minha conta, eu só faço o que mandam" e outros me diziam "eu não gosto de me envolver na política da coisa".

Claro, cada um com seu cada um.

Mas o que é mais útil para os seus clientes (internos ou externos)? Um desenvolvedor especialista em produzir código - mas que não avalia se o que está sendo produzido é efetivo ou que não se pronuncia quando sabe que o resultado não vai ser o pretendido - ou um desenvolvedor que tem uma visão mais ampla e que é capaz de apresentar problemas de uma forma que os outros envolvidos consigam compreender?

Quantas vezes eu não participei de reuniões onde os desenvolvedores estavam visivelmente frustrados por não conseguir convencer os usuários? Ou os usuários reclamavam que os desenvolvedores não estavam interessados em resolver o problema? Essa disfunção entre o técnico e o negócio é fatal para qualquer projeto. Como evitá-la?

Marketing...

Eu sei que muitos desenvolvedores não tem a melhor opinião dos profissionais de vendas ou das equipes de marketing. Mas temos algo a aprender com eles. Não é o como se comportar ou como escrever. Mas o como fazer as pessoas, os "stakeholders", entenderem o que estamos dizendo. Vender nosso ponto de vista.

Pra nos fazermos entender temos de ser mais do que criadores de soluções técnicas ou analistas de negócio - temos de ser comunicadores eficazes. E isso é um talento a parte. Mas que pode ser desenvolvido ou aprimorado.

Ser um desenvolvedor eficiente certamente foi o que me permitiu alcançar todos os empregos que eu quis. Mas ser um comunicador eficaz foi o que me garantiu não só mantê-los, mas ser tremendamente útil aos projetos como uma ponte entre técnicos e não técnicos.

Meus parcos conhecimentos de Marketing vieram de meio curso de pós graduação em Marketing da ESPM - tive de parar porque viajava demais a trabalho. E muita leitura sobre como ser um consultor (que é o que eu sou até hoje, ainda que esteja trabalhando para um cliente só, como consultor interno, e ainda que os outros na empresam não pensem em mim como consultor).

Não se trata de falar bem, ou conhecer o problema, mas de alcançar a audiência. Fazer com que eles não só vejam o seu ponto de vista, mas se entusiasmem por ele. Se possível fazer com que eles pensem que a idéia, o raciocínio, é deles - ouvintes.

Não é fácil, mas torna você um profissional mais completo e mais útil.

Correção no uso da língua e emprego no exterior...

Uma coisa que me impressiona é como escrever bem é sub-valorizado pela maioria das pessoas. Não que eu ache que tenhamos de ser todos profissionais da língua escrita; eu não sou e tenho as mesmas dificuldades que todo mundo. Mas conseguir expressar em texto pensamentos de forma ordenada e coerente é o mínimo que se espera de uma pessoa que tenha tido acesso a um mínimo de educação.

Coerência e clareza tem a ver também com a audiência. Não há nada demais em escrever em acrônimos e gírias se o público alvo entende essa linguagem. Eu escrevo aqui para um público genérico que fala português, e tento achar um meio termo onde todos as tribos possam me entender. Meu vocabulário técnico é também orientado ao profissional e raras vezes eu escrevo para o leigo.

Mas, de qualquer maneira, escrevo para ser entendido. Tento compor o texto com o objetivo de ser claro para os falantes de português de uma forma geral.

Em função dos meus posts(1 e 2) sobre trabalhar no exterior, eu comecei a receber uma enxurrada de currículos e pedidos de mais informações. Não me incomodo e tento responder a todos, numa boa, sendo o mais útil e proátivo possível. Mas fico impressionado com como as pessoas - e digo isto de forma construtiva, não estou sacaneando ninguém - escrevem mal.

Se você vai mandar um currículo em inglês, o mínimo que se espera é que ele tenha sido, pelo menos, passado por um corretor ortográfico! Não é pedir muito e não custa, literalmente, nada. Mas o ideal mesmo é que você passe o texto por alguém que possa corrigir e te dar a certeza de que o texto está correto.

Um exemplo é o de um músico que colocou seu resume no MySpace recentemente... O cara me parece ser um músico de mão cheia, mas o texto onde ele descreve sua arte e sua experiência é praticamente Engrish ao invés de English! Coisas como: "Years 90" ao invés de "90s", "incentivated" ao invés de "incentivized" (mas o mais comum é dizer motivated), "criates" ao invés de "creates"... e por aí vai.

Pode parecer que a Web é um espaço mais informal e que não há necessidade de tanta preocupação com correção absoluta, mas se o seu interlocutor não entende você no papel (ou no caso, na tela), ele(a) pode concluir que será ainda pior em pessoa. E lá se vai uma boa oportunidade.

Você pode tropeçar um pouco no uso da língua - isso é normal com qualquer pessoa que não é nativa (e com alguns nativos também). Mas o esforço tem de ser visível. A desculpa de que o inglês (ou japonês, ou espanhol) tá enferrujado só vai te carregar até um certo ponto.

Quando eu estava fazendo entrevistas para vir para os EUA - a maioria por telefone - uma das empresas lamentou que eu não estivesse no país para fazer uma entrevista pessoal. Eu imediatamente disse que estava indo para os EUA para fazer algumas entrevistas pessoais em um mês e que se eles quisessem poderiamos conversar. Eles aceitaram. E daí eu, que não tinha NADA em vista, comprei a passagem para os EUA (investimento número 1) e busquei outras empresas interessadas em me entrevistar no mesmo período! Reservei hotéis nas cidades onde eu havia conseguido entrevistas (investimento número 2) e, já de volta ao Brasil, mandei e-mails agradecendo a oportunidade a todas as empresas. A oportunidade se apresentou.

O parágrafo anterior é pra poder dizer o seguinte: você não vai conseguir uma oportunidade se não estiver disposto a investir em você.

Contrate um tradutor, contrate uma pessoa experiênte em traduzir currículos para o país alvo, comece uma lista de empregadores em potencial, invista em um placement professional no país alvo.

Emprego não cai do céu em país nenhum.

Vá batalhar.

E eu continuo aqui a disposição no que puder ser útil...

15 de outubro de 2008

Uma América mais disciplinada...

Fareed Zacharia é um pensador (por profissão jornalista, mas tão mais que isso...), na minha opinião, brilhante. Neste artigo da Newsweek ele argumenta que a crise americana é também uma oportunidade de um recomeço mais sensato.

Artigo em inglês aqui.

Tradução porca do google aqui.

11 de outubro de 2008

Mudando o tamanho da janela do Safari em um dois clicks

Uma das coisas que o web developer plugin para o Firefox faz por mim que o Safari não faz é mudar o tamanho da janela do browser para alguns tamanhos úteis - 800x600, 1024x768, e meu tamanho preferido (que varia de acordo com que tamanho de monitor estou usando).

Então eu resolvi usar javascript e a bookmark bar do Safari pra simular o efeito...

Eu criei uma pasta no bookmark bar clicando com o botão direito na mesma e então digitei o seguinte no campo de endereço:

javascript:self.resizeTo(1024,768);
e arrastei essa URI para a recém criada pasta na bookmark bar. Repeti o processo para os outros tamanhos que me interessavam.

O resultado é esse:




Update 1: Sim, sim... desculpem... dois clicks!

Update 2: E para fazer o browser assumir o tamanho de tela cheia, use:
javascript:self.resizeTo(screen.availWidth,screen.availHeight);

O que é melhor para o Brasil?

As eleições presidenciais americanas, marcadas para 4 de novembro de 2008, estão na cabeça de milhões no mundo inteiro.

"O que é melhor para o Brasil?" é a pergunta mais freqüente que eu recebo.

De acordo com Charles Shapiro, do Departamento de Estado Americano: "A política direcionada a América Latina e o Caribe será mantida nos mesmos parâmetros seguido pelos presidentes americanos nos últimos 30 anos" seja lá quem for eleito.

Ou seja: esperem mais do mesmo. É minha opinião pessoal também. No cenário mundial a América Latina é muito pouco importante para os EUA - apesar de serem fonte de muito do que se consome aqui. Os EUA sumariamente ignoram a região.

"O que é melhor para os EUA?" ninguém pergunta... Talvez por que o sentimento anti-americano no Brasil (e no mundo) hoje em dia seja tão aguçado.

Os que votam em John McCain insistem que Obama vai aumentar os impostos para os ricos, o que vai fazer com que investimentos - inclusive em novas empresas - diminuam. Tenho dificuldade em aceitar esse argumento... Os últimos 8 anos foram exatamente de diminuir impostos pra essa parcela da população e não sei se os resultados foram os esperados. 


Os que votam em Obama insistem que McCain vai continuar as políticas de governo dos últimos 8 anos - inclusive um princípio belicista e anti-diplomacia com o qual não concordo em absoluto.

Na balança, ao que parece, Obama pode ser uma melhor opção pra classe média - onde eu ainda me encontro apesar da crise. 

Se a política econômica que ele propõe vai anular os potenciais investimentos da classe alta?

O tempo dirá.

O dia que voltei a usar o Safari...

Desde que adotei o mac, me recusei a usar o Safari - browser da Apple.


Meu problema com ele, a princípio, era a falta de um ad-blocker. Tentei o Pith Helmet e o SafariBlock, mas o browser ficou instável e comecei a experimentar crashes ocasionais. Pra piorar, o Gmail se recusava a permitir o Google Talk a funcionar no Safari. Outro irritante era o fato de que para abrir links que normalmente abririam outra janela em uma tab, eu tinha de apertar command (apple) - no firefox há uma configuração para isso.

Como tenho de ter o Firefox instalado por causa da infinidade de plugins para web developers, passei a só usar o Firefox e fim de história.

Mas o Safari melhorou muito nas últimas versões. A ferramenta de busca em página é um espanto de útil, colocando uma película transparente sobre tudo menos o termo buscado; o menu de desenvolvedor, habilitável na página avançada das preferências do Safari, é útil - inclusive me permitindo abrir uma página em outro browser, criar pequenos trechos de HTML no snippet editor, mudar a user-agent string, etc.

Fazer o safari abrir uma link em outra tab sem ter de apertar outras teclas é controlável através de um comando defaults:
defaults write com.apple.Safari TargetedClicksCreateTabs -bool true
E eu descobri, via Pimp My Safari, o Safari AdBlock, que nos meus testes não afeta a estabilidade do browser e cumpre sua missão de bloquear as dezenas de propagandas embutidas em páginas. 

O Safari é também, ao que parece, um pouco mais rápido que o Firefox.

7 de outubro de 2008

Sobre a crise financeira internacional...

Stephen Colbert, sobre a crise financeira internacional:

Turns out every language contains the word: ARRRRRRRRRRRRGGHHHHHH!
Tradução:
Ao que parece todas as línguas contém a palavra: ARRRRRRRRRRRRGGHHHHHH!

3 de outubro de 2008

E o vice-debate?

O debate dos vices, na minha opinião, só teve um vencedor - Joe Biden.

O cara demonstrou conhecimento de todos os assuntos, conhecimento do competidor, e estava absolutamente a vontade. Enquanto a maluquinha congelada, parceira do semi-morto, demonstrava algum desconforto ao começar a responder e mesmo assim, respondia só o que queria e mudava de assunto constantemente para o que conhecia.

Não que isso importe. O debate dos vices importa quase nada.

Mas que foi muito mais interessante que o debate dos presidenciáveis, isso foi.