23 de outubro de 2008

Correção no uso da língua e emprego no exterior...

Uma coisa que me impressiona é como escrever bem é sub-valorizado pela maioria das pessoas. Não que eu ache que tenhamos de ser todos profissionais da língua escrita; eu não sou e tenho as mesmas dificuldades que todo mundo. Mas conseguir expressar em texto pensamentos de forma ordenada e coerente é o mínimo que se espera de uma pessoa que tenha tido acesso a um mínimo de educação.

Coerência e clareza tem a ver também com a audiência. Não há nada demais em escrever em acrônimos e gírias se o público alvo entende essa linguagem. Eu escrevo aqui para um público genérico que fala português, e tento achar um meio termo onde todos as tribos possam me entender. Meu vocabulário técnico é também orientado ao profissional e raras vezes eu escrevo para o leigo.

Mas, de qualquer maneira, escrevo para ser entendido. Tento compor o texto com o objetivo de ser claro para os falantes de português de uma forma geral.

Em função dos meus posts(1 e 2) sobre trabalhar no exterior, eu comecei a receber uma enxurrada de currículos e pedidos de mais informações. Não me incomodo e tento responder a todos, numa boa, sendo o mais útil e proátivo possível. Mas fico impressionado com como as pessoas - e digo isto de forma construtiva, não estou sacaneando ninguém - escrevem mal.

Se você vai mandar um currículo em inglês, o mínimo que se espera é que ele tenha sido, pelo menos, passado por um corretor ortográfico! Não é pedir muito e não custa, literalmente, nada. Mas o ideal mesmo é que você passe o texto por alguém que possa corrigir e te dar a certeza de que o texto está correto.

Um exemplo é o de um músico que colocou seu resume no MySpace recentemente... O cara me parece ser um músico de mão cheia, mas o texto onde ele descreve sua arte e sua experiência é praticamente Engrish ao invés de English! Coisas como: "Years 90" ao invés de "90s", "incentivated" ao invés de "incentivized" (mas o mais comum é dizer motivated), "criates" ao invés de "creates"... e por aí vai.

Pode parecer que a Web é um espaço mais informal e que não há necessidade de tanta preocupação com correção absoluta, mas se o seu interlocutor não entende você no papel (ou no caso, na tela), ele(a) pode concluir que será ainda pior em pessoa. E lá se vai uma boa oportunidade.

Você pode tropeçar um pouco no uso da língua - isso é normal com qualquer pessoa que não é nativa (e com alguns nativos também). Mas o esforço tem de ser visível. A desculpa de que o inglês (ou japonês, ou espanhol) tá enferrujado só vai te carregar até um certo ponto.

Quando eu estava fazendo entrevistas para vir para os EUA - a maioria por telefone - uma das empresas lamentou que eu não estivesse no país para fazer uma entrevista pessoal. Eu imediatamente disse que estava indo para os EUA para fazer algumas entrevistas pessoais em um mês e que se eles quisessem poderiamos conversar. Eles aceitaram. E daí eu, que não tinha NADA em vista, comprei a passagem para os EUA (investimento número 1) e busquei outras empresas interessadas em me entrevistar no mesmo período! Reservei hotéis nas cidades onde eu havia conseguido entrevistas (investimento número 2) e, já de volta ao Brasil, mandei e-mails agradecendo a oportunidade a todas as empresas. A oportunidade se apresentou.

O parágrafo anterior é pra poder dizer o seguinte: você não vai conseguir uma oportunidade se não estiver disposto a investir em você.

Contrate um tradutor, contrate uma pessoa experiênte em traduzir currículos para o país alvo, comece uma lista de empregadores em potencial, invista em um placement professional no país alvo.

Emprego não cai do céu em país nenhum.

Vá batalhar.

E eu continuo aqui a disposição no que puder ser útil...

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