10 de agosto de 2004

Desmentindo Michael Moore

O Globo tem um excelente artigo (reproduzido abaixo) que aponta todos os exageros, desvios e até mentiras do Farenheit 11 de Setembro.

Eu não tive nenhuma dúvida, em nenhum momento, que o filme de Moore não era um documentário. Está mais para um panfleto anti-Bush do que qualquer outra coisa. É uma interpretação de fatos muito complexos - e uma interpretação negativa.

O artigo de O Globo é uma interpretação claramente positiva. Inclusive ridicularizando em um dado momento o candidato da oposição, John Kerry. Classificar de patética a saudação militar de um heroi de guerra nos EUA é, claramente, não conhecer os americanos.

Mas, eu ainda acho que Bush tem de sair.

Sendo egoista, eu moro aqui e a economia vai mal, os empregos estão em baixa (sim, não tão ruins quanto no fim da era Clinton - can you say bubble burst?), o deficit público nunca foi tão alto e o mundo inteiro odeia os americanos e quem mora aqui (É! Eu sou criticado por alguns por morar aqui! É mole?).

Além disso, não acredito que se combata extremismo com extremismo.

E é isso que o Bush e sua administração representam.

Não são os melhores candidatos para combater terrorismo de qualquer espécie.

Porque, enquanto ceder ou negociar com terroristas não resolve nada, o olho por olho e a arrogância do "eu sei o que é melhor pro mundo" e do "nation building" individualista também não.

O artigo também, estranhamente, condena pessoas que queriam provas do envolvimento de Bin Laden e de outros terroristas... É a Lei!!! Ninguém é culpado até que sejam apresentadas provas de seu envolvimento.

Bin Laden, provou-se, era culpado. Onde está ele? Bush falhou em capturá-lo. Preferiu ir ao Iraque do que terminar o trabalho no Afeganistão, que hoje está lentamente caindo nas mãos dos senhores feudais novamente...

E porque Saddam foi parte instrumental na perversão do Islã isso não dá a qualquer nação, independente da Lei internacional e do apoio da entidade autorizada a monitorar desvios de condutas de governantes, o direito de decidir implementar a força uma democracia para "estabilizar a região". Isso não funciona - apesar da minha torcida pessoal para que tudo dê certo e os Iraquianos tenham acesso à única forma de governo que comprovadamente é funcional (com todos os seus defeitos) - como a história já mostrou em outras tentativas fracassadas.

Não que a ONU não tenha culpa por permitir, de braços cruzados, que Saddam fizesse tudo que fez. A entidade precisa de uma reforma urgente para lidar com casos como os do Iraque e os do Sudão.

Mas a Lei internacional tem de ser soberana. Assim como a Lei de um país tem de ser respeitada por aqueles que nele residem.

Finalmente, se não se pode compactuar com a mentira, o que dizer da sonegação de informação sobre a qualidade do ar em NY após os ataques? Ou as armas de destruição em massa que não existiam e seu "perigo real e imediato"? Ou a prisão por tempo indeterminados de "combatentes inimigos" (alguns inclusive já liberados porque foram aprisionados por engano) sem provas, sem direito a julgamento ou defesa, numa base militar estrangeira? Ou o Patriot Act e a defenestração das liberdades individuais que a atual administração continua promovendo?

O artigo de Ali Kamel é bem pesquisado, mas igualmente tendencioso.

E eu entendo porque: medo de que o combate ao terrorismo esmoreça. Eu também tenho esse temor. Mais até porque moro num país alvo (ainda que num estado absolutamente não alvo).

Mas acredito piamente que Bush e sua gangue não são as melhores opções para representar os EUA na sua cruzada contra este inimigo perigoso e escorregadio.

O artigo na integra:

Quando o filme acabou, a platéia, jovem na maioria, levantou-se e aplaudiu. Não pude conter um certo constrangimento: como se pode enganar tanta gente assim, sem nenhum pudor, e ainda ganhar o prêmio principal de Cannes? Estou falando do Fahrenheit 9/11, de Michael Moore, que todos chamam de documentário, mas, a rigor, deveria receber outra qualificação. É um amontoado de mentiras e distorções, tudo a serviço de uma teoria que o pior dos roteiristas de espionagem rejeitaria: Bush, além de idiota, é de uma família gananciosa, sustentada pelos sauditas (talvez até diretamente por Bin Laden), e, depois de tomar o poder com uma fraude, levou o país à guerra com o Iraque, uma nação que até então vivia tranqüila e pacificamente, apenas para que a indústria bélica à qual ele é ligado lucrasse mais.

Eu pensei: o terror islâmico está a um passo de ganhar a guerra. Mas logo me tranqüilizei com outros dois pensamentos. O primeiro: o filme é a prova da vitalidade da democracia americana (em que outro país um filme tão mentiroso teria livre trânsito?). O segundo foi a cena patética em que John Kerry se apresentou para o serviço, batendo continência e declarando: "Não hesitarei em usar a força e não concederei a nenhuma nação ou organização internacional o poder de veto quando o assunto for a segurança dos EUA". Exatamente o que Bush fez: tentou o apoio internacional, não conseguiu, e foi à guerra, com o apoio do congresso americano. Não gosto de Bush nem de Kerry. Mas fiquei mais tranqüilo de saber que, com um ou o outro, continuará a luta contra o terror islâmico, a pior ameaça depois do nazi-fascismo.

Aqui vou mostrar as mentiras do filme. Na maior parte, elas são perceptíveis na hora, mas uma pesquisa em revistas e jornais americanos e em sites da internet ajudou muito. Principalmente, as informações brilhantemente coletadas por Dave Kopel, um cidadão filiado ao partido democrata, mas eleitor do independente Ralph Nader, como Moore. Kopel é colunista da conservadora National Review e diretor de pesquisas do Indenpendence Institute, um think tank muito respeitado do Colorado. Conhece os desvios de Moore desde "Tiros em Columbine", porque, infelizmente, tem o defeito de defender o direito ao porte de armas. Cada informação a seguir, vinda de mim, de revistas, jornais ou Kopel, foram checadas nas fontes originais.

*O filme mostra a CBS e a CNN noticiando a vitória de Gore na Flórida. E diz: "Depois, alguma coisa chamada Fox Channel deu a vitória para o outro cara. De repente, as outras redes disseram:'Hei, se a Fox disse isso, tem de ser verdade'". Em seguida, Moore diz que o chefe da Fox era primo de Bush, insinuando que tudo foi uma conspiração. Tolice. A NBC, e não a CBS, foi a primeira a anunciar a vitória de Gore às 7:49 da noite. Até 8:02, todas as redes fizeram o mesmo, inclusive a Fox! Às dez da noite, a CBS e a CNN se retrataram, pondo a Flórida como "sem resultado". Todas as redes fizeram o mesmo, menos a Fox, que manteve o resultado pró- Gore até as duas da manhã. Apenas às 2:16, a Fox projetou a vitória de Bush, no que foi seguida por todas as outras redes. Às 3:59, a CBS se retratou novamente, dando novamente a Flórida como "sem resultado". Em oito minutos, todas as redes, inclusive a Fox, fizeram o mesmo. Ou seja, Moore pega a CBS às 7:52 dando o resultado para Gore, sonega do espectador a informação de que a Fox fez o mesmo, e cola a imagem da Fox, seis horas depois, dando a vitória a Bush, sonegando de novo a informação de que a própria Fox, duas horas depois, voltou a se retratar.

*Moore diz que uma recontagem independente feita por jornais dava a vitória a Gore, "em todos os cenários, se a Suprema Corte não tivesse interrompido a recontagem após o prazo legal". Se a recontagem fosse feita apenas onde Gore a solicitou, a vitória seria de Bush. Se a recontagem fosse geral e irrestrita - o que Gore jamais solicitou - a vitória iria para Gore, se alguns critérios fossem seguidos, e para Bush, se os critérios fossem outros. A afirmação "em qualquer cenário" é, portanto, mentirosa. No site de Moore, é curiosa a prova que ele dá de que falou a verdade. O jornal citado é o Washington Times, do reverendo Moom, que diz que Gore ganharia por uma margem entre 42 e 171 votos. Mas sabe qual a manchete da reportagem? "Recontagem não dá respostas seguras"! No filme, para ilustrar o que diz, Moore mostra, em letras garrafais, uma manchete de um pequeno jornal de Illinois, The Pantagraph: "Última recontagem mostra que Gore venceu as eleições". Mas era uma trucagem: aquilo não era a manchete do jornal, mas apenas o título de um editorial, que tomava apenas uma pequena parte da página. Uma trapaça. Não há dúvida de que Bush chegou à Casa Branca após uma eleição conturbada. Mas o mesmo teria ocorrido se Gore tivesse vencido com a mesma margem.

*O filme diz que nenhum presidente, no dia de sua posse, enfrentou protestos semelhantes aos da posse de Bush, que o obrigaram a cancelar o passeio a pé até a Casa Branca. Mas Nixon, em 1969 e 1973, enfrentou protestos com um número três maior de participantes. E Bush, na última parte do percurso, saiu do carro e, ao lado da mulher, andou até a Casa Branca.

*Bush aparece num jantar de gala, dizendo aos participantes, que trajam smoking: "Alguns os chamam de 'a elite". Eu os chamo de 'a minha base'. Faltou dizer que aquele era o jantar anual da Al Smith Foundantion, que recolhe fundos para hospitais de caridade. E que a brincadeira era o convidado de honra debochar de si mesmo. Gore, também convidado, fez o mesmo, mas Moore omite.

* O filme diz que Bush passou 42% dos seus primeiros oito meses em férias, segundo um levantamento do Washington Post. O levantamento incluía os fins de semana de trabalho em Camp David, e o tempo gasto nas idas e vindas. Ninguém nota, mas numa das cenas, ao lado de Bush, está Tony Blair. Tirando os fins de semana, o tempo cai para 13%.

*Na cena em que Bush passa sete minutos sem nada fazer, após tomar conhecimento do ataque do segundo avião, o filme diz que ele continuou lendo um livro chamado "Meu bode de estimação", o que tem um efeito cômico invulgar. Mas o livro na verdade se chama "Domínio da leitura 2" ("meu bode" é apenas um exercício do livro, mas nada indica que Bush o estava lendo).

*O filme diz que em seis de agosto de 2001, Bush recebeu um informe do FBI dizendo que "Osama bin Laden estava planejando atacar os Estados Unidos com aviões seqüestrados". E, para brincar, diz que Bush pode ter achado o título vago. A cena corta para Condoleezza Rice, diante da Comissão do 11 de setembro, dizendo o título do informe: "Bin Laden decidido a atacar dentro dos EUA". Todo mundo ri, mas Moore não contou a ninguém que Condoleezza revelara também o conteúdo do informe: uma colagem de informações relativas aos anos de 1997 e 1998. E mais: a parte sobre aviões seqüestrados é o oposto do que o filme sugere. Diz o documento: "Não fomos capazes de corroborar algumas das mais sensacionais ameaças como uma que nos chegou de um serviço estrangeiro em 1998 dizendo que bin Laden queria seqüestrar um avião para obter a libertação do sheik cego Umar Abd al Rahman e outros extremistas presos nos EUA". O que o leitor, em 2001, faria com um informe desses? Semana passada, o governo americano elevou o nível de alerta contra atentados terroristas. Os jornais imediatamente denunciaram que tudo era baseado em informações de três anos antes. O governo se defendeu dizendo que os informes tinham sido atualizados em janeiro. Isso não importa. O que cabe destacar é que Bush, no filme, é brutalmente condenado por não ter feito nada ao ler um relatório com informações de...três anos antes (e sem atualizações). Agora, na vida real, é cobrado justamente por ter dado bola a um relatório semelhante. É dura a vida de um presidente.

*O filme diz que 142 sauditas, incluindo 26 membros da família Bin Laden, foram autorizados a deixar o país, depois de 13 de setembro, quando o espaço aéreo estava fechado, graças à autorização especial de Bush. "Nem mesmo Rick Martin conseguiu voar". O filme diz que ninguém foi interrogado. A verdade: Richard Clarke, então diretor de contra-terrorismo e endeusado por Moore por ter se tornado um crítico de Bush, assumiu inteira responsabilidade pelo ato e garantiu que não pediu a autorização do presidente, mas Moore esconde isso. A comissão do 11 de setembro confirmou tudo e acrescentou que todos os procedimentos legais foram observados, com o FBI interrogando todos os que interessavam. Basta ler o relatório final às páginas 329 e 330. Não é preciso ser nenhum gênio para saber que se havia um grupo ultramonitorado nos EUA era a família de Bin Laden, um inimigo declarado do país desde 1993. A quantidade de informações sobre cada passo daquela família era imensa. Não eram necessárias muitas perguntas na hora do embarque para saber que eles estavam rompidos com Osama havia muitos anos. E sem nenhum contato com eles. Além do mais, a comitiva viajou dia 20 de setembro, quando o espaço aéreo já estava aberto permitindo que todos voassem, inclusive o Rick Martin.

*O filme diz que os Bush teriam se beneficiado de US$ 1,4 bi que os sauditas investiram na empresa Carlyle, de onde o ex-presidente Bush é consultor. E afirma que os Bin Laden também seriam investidores da empresa. A verdade: Bush só se tornou consultor da Carlyle anos depois do fabuloso investimento saudita. Os Bin Laden investiram apenas US$ 2 milhões na Carlyle, um nada perto da fortuna deles. Fora isso, o super anti-Bush, George Soros, também é um investidor da Carlyle, assim como muitos ex-assessores de ex-presidentes democratas são ligados a ela. O filme diz que a Carlyle ganhou milhões com a guerra do Iraque, mas ela teve prejuízo: a única arma desenhada para o Exército, mas não comprada pelo governo Bush foi o Cruzado, um sistema de mísseis que custou à empresa US$ 11 bi. O ex-presidente Bush deixou há tempos de ser consultor da empresa.

*O filme "denuncia" que a embaixada da Arábia Saudita em Washington recebe proteção da divisão uniformizada do serviço secreto americano. No website do serviço secreto, no entanto, está dito que a divisão tem por missão proteger a Casa Branca, a casa do Vice-presidente e as embaixadas e missões diplomáticas de Washington.

*O filme dá a entender que Bush paparicou delegados do Talibã, quando era governador do Texas. Mas é mentira, Bush nunca os recebeu. Eles visitaram uma empresa chamada Unocal para conhecer um projeto de gasoduto no Afeganistão, que foi deixado de lado em 1998, e jamais retomado (ao contrário do que o filme diz). O projeto era defendido pelo Governo Clinton. Em 2001, já no governo Bush, quem recebeu nova delegação do Afeganistão foi o Departamento de Estado e, mesmo assim, para dizer que os EUA jamais reconheceriam o Governo Talibã. A cena da assinatura de um acordo para a construção de um gasoduto, que o filme mostra, refere-se a outro gasoduto, que nada tem a ver com o projeto da Unocal, que não está no projeto. E também a construção desse gasoduto jamais saiu do papel. Da mesma forma, a afirmação de que Hamid Karzai, presidente do Afeganistão, foi consultor da Unocal é mentirosa. Moore baseou-se numa única reportagem do Le Monde, mas a Unocal sempre desmentiu a informação oficialmente.

*Ashcroft, secretário de Justiça, é mostrado como um imbecil, que perdeu a votação para o senado para um cadáver. Seu competidor morreu três semanas antes do pleito, e Moore insinua que os eleitores preferiram votar no morto. Moore só esquece de dizer que o partido indicou a viúva como nova candidata e que a Justiça aceitou que os votos dados ao morto seriam computados para ela: os eleitores não votaram num cadáver, desperdiçando o voto, mas na viúva. As cédulas, apenas por questão de tempo, não foram trocadas.

*O filme diz que Bush deu um mês de vantagem a Osama Bin Laden, pois os EUA não atacaram o Afeganistão imediatamente. Moore sonega dos espectadores a informação de que Bush passou um mês tentando obter sem sucesso o aval da ONU para a invasão. Cobravam-lhe a "prova cabal" do envolvimento de Bin Laden, que, numa entrevista, dissera que não era o autor dos ataques, embora os aplaudisse. Moore, na ocasião, disse que Bin Laden era inocente até prova em contrário, assim como muitos outros intelectuais, como Noam Chomsky. A invasão seria uma atrocidade, disseram. O curioso é que Moore manteve a opinião até o fim de 2002, quando fitas de vídeo achadas em Cabul já não deixavam dúvidas sobre o envolvimento de Bin Laden. Pouca gente se lembra, mas os EUA invadiram o Afeganistão sem autorização da Onu. Só foi "perdoado", porque as fitas se tornaram a tal prova cabal. Fez o mesmo com o Iraque, e é odiado por isso, pelas mesmas pessoas, porque as armas de destruição em massa não foram encontradas. Tivessem sido, e talvez Bush hoje fosse um herói.

*O filme diz textualmente que o Iraque jamais ameaçou os EUA ou assassinou americanos. Para qualquer um que acompanhe a política do Oriente Médio, isso chega a ser piada. O Iraque sempre acolheu terroristas como Abu Nidal, que matou americanos, sempre premiou as famílias dos homens-bombas palestinos com US$ 15 mil e, sempre, em discursos e entrevistas, fez ameaças espalhafatosas aos EUA. Imediatamente após o 11 de setembro, Saddam declarou que o ataque era o começo da grande revanche.

*O filme mostra cenas de civis iraquianos mortos ou feridos, mostrando chagas e ferimentos dantescos. A justificativa é mostrar os horrores da guerra e embute uma acusação às TVs americanas que não teriam exibido cenas semelhantes. Mas Moore esquece de dizer que as TVs americanas também não mostraram as cenas dantescas, de corpos mutilados, no atentado do WTC e do Pentágono. Imaginem o ódio a todos que se assemelhassem a árabes se as imagens tivessem sido reveladas. Numa e noutra ocasião, as TVs americanas tiveram uma mesma postura. Mas Moore esconde isso.

*O filme mostra uma cena em que Condoleezza Rice diz o seguinte: "Oh, de fato, há um laço entre o Iraque e o que aconteceu em 11 de setembro". Moore mostra essa única frase. Se mostrasse a declaração inteira teria deixado os espectadores saberem que Condoleezza na verdade quis dizer outra coisa. Leiam: "Oh, de fato, há um laço entre o Iraque e o que aconteceu em 11 de setembro. Não que Saddam Hussein ou seu regime de alguma maneira estejam envolvidos no 11 de setembro, mas se você pensa sobre o que provocou o 11 de setembro, é o surgimento de ideologias do ódio que faz as pessoas jogar aviões contra prédios em Nova York. É uma grande rede internacional de terroristas que está determinada a derrotar a liberdade. Isso perverteu o Islã. Uma religião pacífica numa que chama as pessoas para atos de violência. E estão todos ligados. O Iraque é um front central, porque , se e quando, nós mudarmos a natureza do Iraque para um lugar pacífico e democrático e próspero no coração do Oriente Médio, você vai começar a mudar todo o Oriente Médio".

*Também mentirosas as cenas em que Moore sai correndo atrás de congressistas para que alistem seus filhos na guerra. Alguns são mostrados correndo, quando, na verdade, deram longas entrevistas, como é o caso de Mark Kennedy. Fora isso, o levantamento está errado. Moore diz que apenas um congressista tem filho no Exército, quando na verdade são sete, dois no Iraque. Um número baixo, mas para que mentir? Moore também omite que o seu alvo predileto (depois de Bush), Jonh Ashcroft, tem um filho no exército.

O filme é esse lixo. Nossa imprensa, sem revelar as mentiras, foi mais ou menos unânime: "brilhante, mas faccioso", "histórico, mas tendencioso", "bem pesquisado, mas panfletário". Para mim, a adversativa não é um pequeno problema. Porque não se pode compactuar com a mentira e a empulhação. Sobretudo quando não é necessário mentir para ser anti-Bush ou anti-guerra. O filme desmerece os pacifistas que o aplaudem. E que continuarão a aplaudi-lo, a despeito de tudo. Porque vivemos tempos em que muita gente está cega e surda. Não quer ouvir nem ver a ameaça que nos cerca.

Ali Kamel

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