O Jornal do Brasil informa: maioria na região metropolitana gasta mais de uma hora na ida e na volta entre casa e trabalho.
"Eterna pergunta carioca sem resposta: por que tantos ônibus circulam vazios pela Zona Sul fazendo o mesmo trajeto e atravancando o trânsito?"
Eu gastava 2 horas para ir (Barra-Centro) e 2,5 horas para voltar (Centro-Barra). Isso quando não parava tudo e ficava 3 horas pela rua. Isso porque eu tinha carro, imagine-se quem depende de ônibus? Haja santa paciência.
Uma coisa não mencionada no artigo - até porque a FETRANSPOR não permitiria - é o estado dos coletivos. Linhas de ônibus de empresas diferentes se superpoem em trajetos praticamente iguais, muito ônibus para pouco passageiro numa área, pouco ônibus para muito passageiro em outra, etc. Loucura total.
Sobre os porque desse estado no transporte por ônibus no Rio, eu reproduzo um post do Vergonha! abaixo:
Vez por outra, cansado de só ler desgraça do Brasil, começo a futucar fontes de informação mais leves. Uma delas é o Blog do João Ximenes Braga no Globo. Ele é colunista do jornal O Globo do caderno Ela.
Pois vejam a pérola que fui encontrar lá - uma carta de um mestrando em Administração Pública respondendo a uma pergunta quase que retórica feita anteriormente por JXB no blog:
"Respondendo à sua pergunta: existe uma linha de crédito especial para a compra de veículos destinados ao transporte urbano no município do Rio de Janeiro. Essa linha de crédito oferece a juros baixos e a longo prazo empréstimos aos empresários de ônibus da cidade. Por isso o Rio de Janeiro tem a frota mais nova em circulação no Brasil.
Poucos anos depois esses veículos estão em bom estado de conservação e com um bom preço de revenda, então são destinados a empresas da Baixada Fluminense e demais regiões próximas.
O dinheiro ganho com a revenda é aplicado no mercado financeiro, muito mais rentável que o transporte urbano desta cidade. Por isso em algumas áreas se vê ônibus superlotados, em outras eles circulam vazios, e de noite vemos apenas um carro de cada linha circulando.
Não é do interesse dos donos destas empresas o transporte urbano das pessoas, mas sim a manutenção destes por pouco tempo para a revenda. Por incrível que pareça, tudo ocorre por causa disso, inclusive a quantidade de empresas e a quantidade de linhas.
Muitas empresas possuem o mesmo dono ou grupo de sócios que monopolizam o transporte público no Rio de Janeiro. Eles financiam campanhas e fazem lobby para leis referentes aos seus interesses. Exemplo, essa nova lei que obriga aluno de escola pública a usar crachá de passagem, limitando o número de viagens que este faz durante o mês.
Existe uma fórmula que mede a quantidade de passageiros e a distância percorrida. A mudança de tarifa só pode se dar de duas maneiras: através de decreto do prefeito e despacho da Secretaria Municipal de Transportes do Rio. Mas só que eu mesmo nunca vi tal fórmula, apesar de saber que ela existe. Contudo, a decisão de mudança ou aumento de tarifa é uma decisão política, por vezes jurídica, e não técnica, como deveria ser.
Contudo essa fórmula é mal utilizada. Ela contabiliza o mesmo potencial de passageiros para todas as linhas, isto é, não é levado em conta o tempo e o espaço. A população flutuante da zona sul e centro é enorme, e sem muito medo de errar, eu acho que a zona sul tem mais população flutuante do que vegetativa, com relação ao centro eu tenho certeza.
Num mundo onde o transporte fosse ideal, seria como em Friburgo ou Curitiba, onde com apenas uma passagem a pessoa quase pode atravessar a cidade, pois as mesmas possuem algumas pequenas rodoviárias espalhadas pelo território e a pessoa pode fazer baldeação pagando apenas uma passagem. Mas aqui como o lobby é forte e existe este crédito para a compra de ônibus e o filé de passageiros está ali mesmo na zona sul e centro, a coisa vai continuar assim.
Existe uma teoria que diz que o melhor mercado para se ganhar dinheiro não são os novos mercados, tipo as "pontocom", mas sim mercados já saturados, onde para você dominar o mercado você precisa apenas apresentar uma pequena novidade ou mudança. Assim é o transporte, todos ganham crédito, mas como este é limitado por empresa, cria-se uma empresa de ônibus nova, que vai disputar o filé e investir o dinheiro ganho".
O atravancamento pelo excesso de ônibus não acontece só na Zona Sul - o JXB é bem bairrista mesmo - mas em toda a cidade. Eu achei interessante a resposta desse Mestrando. Ganhar dinheiro eu sou a favor, mas prejudicar toda a população para ganhar dinheiro já vai contra os meus princípios.
Seu Mestrando anônimo, só faltou mesmo sugerir como a sociedade pode tomar de volta o controle das ruas e acabar com a farra desses malandros das empresas de ônibus.
Qualquer começo de moralização é um começo.
25 de maio de 2004
Rio tem o pior transporte do Brasil
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