6 de setembro de 2008

Crise americana...

Não deve ser novidade pra ninguém que aqui nos EUA estamos passando por uma crise imobiliária que já afetou de forma grave os mercados financeiros. Bancos falindo, dificuldade em financiar novos imóveis, mercado de ações completamente enlouquecido, empresas fechando, desemprego aumentando, etc.

Mas a coisa lida assim é impessoal. Viver aqui enquanto as coisas estão acontecendo é que são elas...

Hoje, voltando do cinema (minha mulher me arrastou pra assistir "Mama Mia" - o que eu fiz para merecer isso eu não sei) assistimos alguns vizinhos enchendo o caminhão alugado com seus pertences. Depois soubemos pela rádio fofoca que o dono da casa que eles estavam alugando perdeu a casa pro banco, e eles que alugavam tiveram de desocupar o imóvel.

Ainda pela rádio fofoca soubemos que outro vizinho que se mudou pra cá recentemente, alugando, veio depois de perder sua casa em uma área nobre por causa de dívidas com o Imposto de Renda americano.

Vi também o vizinho de um amigo colocar a casa a venda, passar um ano tentando vender - preços despencando, ele em desespero - e finalmente perder a casa pro banco. Ele não conseguia pagar a hipoteca.

Um outro conhecido recebeu aviso prévio da empresa: em três meses não tem mais emprego - a empresa vai fechar a filial da Flórida.

O problema maior pros indivíduos é o fato de eles estarem endividados até a alma. Por muitos anos vendeu-se o mito de que bastava ter crédito pra ser feliz. E tome de comprar eletro-eletrônicos de ponta, e tome de fazer leasing de carros de luxo, e tome de comprar casas maiores e mais caras do que é necessário.

Famílias de 3 pessoas vivendo em casas de 5 quartos, 3 banheiros, piscinas e saunas, dirigindo BMWs e devendo US$ 50.000,00 nos múltiplos cartões de crédito. Pessoas solteiras fazendo leasing de porsches que custam mais que uma hipoteca, e fazendo viagens internacionais para hoteis cinco estrelas - tudo a base de crédito. Alguns, pra piorar a situação, obtiveram o crédito hipotecando uma segunda vez suas casas.

E se você perguntar pra essas pessoas o quanto eles guardaram - se eles tem uma reserva ou se estão juntando um dinheiro pra sua aposentadoria? A resposta é não. Claro.

Então, a crise é real. Mas eu não sinto pena de quem comprou uma casa muito mais cara do que podia pagar. Ou de quem perdeu tudo depois de passar semanas na Europa em férias. Ou de quem tem 3 carros na garagem - todos leasing - e agora reclama que não tem como cobrir seus custos porque perdeu o emprego.

A crise é agravada pela incompetência, irresponsabilidade, e falta de visão do próprio cidadão.

Não é sempre assim?

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