21 de outubro de 2004

E aí? O que dizer aos vizinhos...

O que dizer quando seu vizinho coloca várias placas pró-Bush no jardim?

Nada - afinal é um país livre e ele tem o direito de dar suporte e fazer propaganda para quem ele quiser. A placa tá no jardim dele. E vários outros vizinhos tem a placa do oponente.

Democracia é isso, ponto final.

Mas o que dizer quando o mesmo vizinho põe uma placa do lado de fora, escrita a mão, gigantesca, dizendo:

"My brother is in Iraq, please vote Bush!"

A vontade que dá é ir lá perguntar pra ele porque ele acha que o Bush vai ajudar o irmão dele em alguma coisa. Pois se foi o Bush que colocou ele lá. Pois se foi o Bush que deixou ele sem o suporte necessário de tropas. Pois se foi o Bush que criou a animosidade mundial - principalmente no mundo muçulmano - contra as tropas americanas.

E talvez, cinicamente, perguntar - já que o próximo alvo na mira dos neo-cons é o Irã e suas pretensões nucleares, onde ele acha que o irmão dele vai morrer? No Iraque? No Irã? Ou no alvo seguinte da sanha "liberadora" daqueles que ele suporta com tanta paixão?

A verdade é que nos EUA hoje quem era Republicano virou super-Republicano. Quem era Democrata virou super-Democrata. Quem estava no meio continua sem saber o que fazer - por incrível que pareça.

Essa eleição vai ser pior que a outra. Mais roubada que a outra. Mais contestada que a outra.

E eu não sei se os vizinhos, com a poeira assentada, vão algum dia voltar a se entender.

Ou se essa polarização partidaria pode ser revertida.

O que eu sei é que isso exigiria um líder muito mais carismático que o Kerry.

E que os neo-cons querem mais é a nação dividida.

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