14 de maio de 2006

Como reagir?

São Paulo está nas manchetes...

Pra resumir: virou o Rio.

Não vou aqui ficar reportando o que você pode ler absolutamente em qualquer lugar... Só queria chamar a atenção para um artigo interessante:

Combate à violência depende de mobilização civil e nacional, diz Gregori

Gregori é o ex-ministro da Justiça de FHC. O que violenta o meu cérebro no artigo é a seguinte opinião:

"No Brasil, 40% da violência é alimentada pelas classes média e alta, que consome drogas e faz prosperar o mercado do narcotráfico..."

Eu tenho tantos questionamentos...

a) Da onde sai a figura de 40%? O Sr.Gregori ou algum dos outros políticos que defendem esta tese tem feitos pesquisas de "Boca de Boca" (vou registrar este termo) ou recebem as estatísticas dos traficantes??? Porque não 80%???

b) O Estado Brasileiro e os estados membros da nação não coletam impostos para, dentre outras coisas, garantir segurança à população?

c) Não é o Estado e os governos que o regem que definem a forma do combate a criminalidade e violência??? O que esse senhor fez quando esteve no Poder? Ou devo assumir que o que acontece hoje em SP começou hoje?

d) Os presídios não são responsabilidade do mesmo Estado e seu objetivo não é punir os criminosos com a perda da liberdade por conta dos crimes que eles cometeram? E se eles não criam a oportunidade de uma recuperação ou possibilidade de reintegração, a culpa é do preso? Ou será, novamente, porque a classe média consome drogas?

Eu acho que a sociedade já vem há muitos anos sinalizando e apontando para o fato de que algo tem de ser feito. A necessidade de mudança é tanta que o atual presidente foi eleito com a esperança de que algo fosse ser feito para mudar os rumos do país.

Mas os governantes nada fazem. Por inércia. Ou porque estão mais ocupados destinando verbas para ambulâncias super-faturadas ou algum outro tipo de trambique...

Me parece que o Estado (na figura dos governos) é que não cumpre sua parte no contrato social. Contrato que reza que o cidadão paga impostos para ter serviços básicos em retorno. Cadê? Nem segurança, nem educação, nem saúde, nem nada de qualidade.

Mas vários membros da máfia política (me recuso a dizer classe política quando falando do Brasil) vem vindo a público para tentar inverter a equação.

A culpa é dos usuários de drogas. A culpa é da classe média e alta.

Não quero inverter a lei de causa e efeito. É claro que se ninguém consumisse drogas ilegais a máfia das drogas não existiria... Isso não quer dizer que não haveria crime organizado...

Iriam acabar os seqüestros? Ou os roubos seguidos de morte? Isso iria acabar com os presídios cheios? Ou outros tipos de organizações criminosas organizadas?

Sem falar que eliminar o consumo de drogas é uma meta inatingível. Que país do mundo não tem usuários?

Agora na TV, cada político, de cada partido, tem uma solução diferente para SP. Algumas risíveis, outras identificando o óbvio.

E a população continua perdida no meio a guerra civil que se vive no Brasil hoje. E que já vem de algum tempo, como eu pude constatar há mais de 7 anos, quando me joguei no chão de uma banca de jornal no centro da cidade para escapar de uma troca de tiros entre policiais e assaltantes de banco.

Que o Estado cumpra o seu papel!

PS. Não que eu esteja me deleitando com o caos em SP. Quem pode achar bonito uma criança de 5 anos que perde o pai, bombeiro, para um tiroteio covarde com criminosos? Mas não consigo parar de pensar na multidão de empresas que desertou do Rio de Janeiro para São Paulo por causa da violência... Será que continuam se sentindo seguras agora? O problema da violência não é do Rio. Ou de São Paulo. Ou do Espírito Santo (com seus esquadrões da morte). Ou do Acre. É do País. Vocês podem fugir, mas não podem se esconder. Pelo menos não dentro do Brasil...

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