15 de agosto de 2005

Carta à Veja...

Mandei a seguinte carta à Revista Veja e ao Articulista Stephen Kanitz:

Li, com o mesmo interesse de sempre, o artigo de Stephen Kanitz em sua última edição.

Não escrevo para criticar o mérito das medidas propostas. São todas
interessantes, apesar de pensar que o sistema de primárias - em
especial em termos de segurança - é um tanto mais complicado que o
articulista faz parecer. Adoro a idéia de reduzir o número de
"representantes" (como se eles efetivamente nos representassem, ao
invés de apenas aos seus próprios interesses). Quanto menos
sangue-sugas, melhor.

Escrevo para discordar da avaliação de que toda a corrupção advém dos
custos de campanha. Partindo deste pressuposto, os políticos
brasileiros tem um motivo, uma desculpa, para os seus atos.

Eles roubam porque podem e porque sabem que não vão ser punidos. E só.

Roubam porque corruptos saem ilesos e nunca são obrigados a devolver o
que roubaram. Nem multados são! Propinas são oferecidas porque os
corruptores nunca são punidos, afinal só fizeram o que o "sistema"
espera deles.

Num país onde a propina foi estabelecida até entre empresas privadas -
com empresários e diretores exigindo "kick-backs" por baixo dos panos
de outros empresários só para utilizarem seus serviços; ou contratam a
concorrência - o que mais se pode esperar?

Reforme-se o que quiser, se não começarmos a punir exemplarmente os
bandidos - que é o que todos eles são, independente de partido
político e apesar da pose - nada vai mudar.

Punir tomando de volta o que é nosso. Punir colocando na cadeia. Punir
tornando inelegíveis permanentemente e sem direito a exercer nenhum
cargo público (inclusive os cargos em confiança). Punir negando acesso
a licitações públicas a qualquer empresa que tenha em seus quadros um
corruptor ou corrompido.

Mas, entendo o articulista. Um profissional tem de se ater ao que é
realizável. Se reduzirmos em alguma coisa a bandalheira, já temos de
comemorar.

Porque acabar com ela? Dúvido.

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