11 de setembro de 2005

Será que as coisas mudam?

A prisão de Paulo Maluf e o trabalho do Ministério Público em casos como o da Daslu me dão certa esperança.

Não, eu não sou inocente. Sei que muitas vezes as coisas pareceram que iriam mudar no Brasil e voltamos a ver que os diabos mudam de nome, mudam de cor, mas não mudam de táticas.

Mas o que dizer? Prenderam um dos corruptos mais conhecidos do país. Da antiga. Descobriram - e ao que parece tem quilos e quilos de provas - que não só ele estava desviando dinheiro público, mas a família inteira está envolvida; assim como uma das maiores empreiteiras do país, a Mendes Junior, que deveria ser investigada e punida também (eu sugiro a suspensão de contratos públicos por um período superior a 5 anos e inelegibilidade para licitações por 10 anos).

O caso da Daslu também é notório. Finalmente a casta superior sofreu um revés. Finalmente, acontece alguma coisa neste país, para provar que a Lei é aplicável também aos ricos. Se os impostos são injustos, cabe ao empresariado usar de todos os meios legais para contestá-los - mas sonegação e subfaturamento não são solução. Nada que lesa o público é.

Ao mesmo tempo esse escândalo do governo e a performance da imprensa brasileira me enchem de orgulho. Os americanos, eu sei, adorariam uma imprensa atuante como a nossa. Não tem mais. Já há algum tempo a imprensa daqui é regida menos pelos seu dever de informar o público e buscar darwinisticamente o furo de reportagem, e mais pelo "paycheck" e pelo instinto de sobrevivência.

O Brasil, infelizmente, eu bem sei, tem uma tradição de vivenciar essas crises e retornar a normalidade da casta superior vivendo as custas da inferior. De continuar oprimindo os mais pobres ao negar a eles as oportunidades de se desenvolver para deixar de sê-lo. Um carnaval, uma copa do mundo, é tudo que é necessário para a memória do brasileiro se nublar. Temos o foco e a atenção de um peixe dourado com alzheimer terminal...

Não basta denunciarmos corruptos, não basta encarcerarmos os que lesam o patrimônio público e punirmos os corruptores. Temos de encontrar o caminho pra uma nação mais justa.

Não espero que os políticos de lugar nenhum decidam por essa nação mais justa. Cabe ao povo Brasileiro forçar as mãos dos seus representantes através de vigilância constante e escolhas acertadas nas urnas.

Acho que um bom começo é tomar um fosfozol (pros mais jovens, um remédio pra memória)...

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