21 de setembro de 2005

Quem não tem o que falar, cala a boca...

Meu pai martelou isso na minha cabeça por anos quando eu era moleque: "Quem não tem o que falar, cala a boca!". Normalmente eu ouvia isso quando falava fora de hora ou simplesmente quando falava uma besteira maior que o iceberg do Titanic - fato nada incomum até hoje...

Mas eu, depois de quase 20 anos de profissão, estou finalmente aprendendo que mesmo quem tem o que falar devia calar a boca também.

É a tal história: as coisas caem na sua esfera de controle, sua esfera de influência ou fora das duas. Não tem o que fazer. O problema é identificar até onde vai a sua esfera de controle, onde termina a sua influência e onde começa "o resto". Principalmente se, como eu, você é um "control freak" (como dizer isso em português?).

Em todos os lugares porque passei, apontei problemas. Faz parte do meu treinamento profissional identificar problemas e corrigí-los. Só que, quando você começa a apontar problemas na sua esfera de influência - onde você depende de um terceiro para a correção - ou pior, completamente fora da sua esfera de influência; as pessoas começam a ficar incomodadas. Principalmente se, como eu, você é impaciente e pressiona, repete, pressiona, repete, pressiona, repete...

Veja, em nenhum momento eu apontei problemas com intenção outra que resolvê-los. Não há malicia nos comentários. Mas a interpretação de ações e atitudes é individual e absolutamente fora do controle de qualquer um que não o intérprete.

Resultado: reclamações.

E eu acho que as pessoas estão no seu direito em reclamar. Se uma atitude minha está criando um problema no ambiente de trabalho, é óbvio que eu não só não estou ajudando a resolver o problema original mas aumentando o número de problemas que tem de ser resolvidos! Não é de forma nenhuma minha intenção. Não quero ser um problema por reclamar que existem problemas...

Mas o fato é que eu não consigo lidar bem com a imobilidade ou a lentidão em atacar os problemas ao meu redor. Pior, as vezes existem razões que eu desconheço para essa imobilidade ou lentidão, mas eu continuo importunado pelo fato do problema não se resolver.

Como controlar a índole? Como aprender a levantar a lebre, garantir que a lebre foi devidamente documentada, e seguir no meu caminho sem ficar aborrecendo os outros ou me aborrecer porque as coisas não acontecem?

Compondo ao meu problema particular, vem o fato de eu ser um técnico e muitos dos problemas com os quais eu sou obrigado a conviver não terem natureza técnica mas administrativa ou gerencial...

Eu fico lívido quando uma pessoa paga para ser Gerente (mais do que eu, as vezes, o que faz muito pouco sentido para mim pessoalmente; mas isso é assunto pra outro post) toma uma decisão absolutamente errada ou, pior, não move uma palha para resolver as questões que se apresentam. Eu acabo tomando as rédeas da situação - quando é permitido - e resolvendo as coisas. O que, claro, só me traz mais problemas porque posso colocar a incompetência/inabilidade/preguiça deste ou daquele indivíduo em evidência se não tomar o devido cuidado de dar crédito a quem não merece.

Ou que tal quando você aponta um problema e uma solução possível e é removido do processo de resolução? De repente uma muralha se forma ao redor do problema e sabe-se lá que solução será implementada.

Como controlar o impulso de querer resolver tudo? Como controlar a boca e evitar bater na mesma tecla de novo e de novo e de novo, até que em certo momento o sarcasmo domina o discurso? Como controlar a sensação de ter sido "ignorado" quando a solução do problema não passa por você? E como evitar dizer "Eu não disse?" quando a merda bate no ventilador?

Eu sei que o problema sou eu. Já aconteceu em mais de uma empresa, com pequenas variações no resultado e na intensidade da minha revolta.

Além do que, mesmo que o injustiçado fosse eu (e não é o caso), eu só posso ter esperança em mudar a mim mesmo...

Isso eu aprendi há muito tempo!

Respostas?

PS. Junkie, não vale responder "drogas!". ;-)

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