28 de setembro de 2004

A inversão transoceanica

Ler a história da produção da primeira bomba nuclear no maravilhoso "The Making of the Atomic Bomb" e assistir o programa de comemoração dos 50 anos do Tonight Show (onde, diga-se de passagem, o Jay Leno anunciou sua saída do show em cinco anos em benefício do Conan O'Brien), me levou a constatar a estranha inversão de comportamento transoceanica.

A Europa, por tudo que li, era muito mais tradicional e fechada no comportamento na maioria dos países que a compõem. Enquanto os americanos eram tidos (e pelos vários vídeos apresentados na comemoração dos 50 anos do show) como exóticos e pouco dados a tradição.

O que se vê hoje nos EUA: a preocupação exagerada com o políticamente correto, as reações ensandecidas contra qualquer pequeno deslize televisado ou radio transmitido (a exemplo do episódio da Janet Jackson - ah, se o Carnaval fosse aqui! - ou de um programa de rádio cortar uma pessoa chamando, porque disse "God damn it!" no ar), o conservadorismo com relação ao homossexualismo, a visão do mundo em preto e branco, os excessos religiosos numa nação que deveria ser secular...

Tudo isso me parece, sinceramente, uma inversão do que o país já foi com as gerações anteriores.

Claro, houve progresso. O racismo legalizado e imposto acabou (ainda que persista, principalmente no Sul, na pele de idiotas como os da KKK e mesmo de pessoas ditas de bem - como em qualquer lugar do mundo). As mulheres - como em todo mundo - ganharam mais espaço fora do lar...

Mas hoje os americanos vêem os europeus como os europeus viam os americanos há 50 anos atrás...

Livres, leves e soltos.

Os exóticos agora são os habitantes do velho mundo.

E os americanos, os encarquilhados conservadores que não entendem que o mundo não exige que eles tenham as pregas tão presas...

E que não podem querer prender ou soltar as pregas dos outros.

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