8 de junho de 2007

E a visita ao Brasil?

Cada vez que volto ao Brasil, diminui minha vontade de voltar no ano seguinte.

Não se trata de começar de novo o exercício de malhar o Brasil. Estou cansado de apontar os problemas. E, sinceramente, de que adianta? Eu posso apontar problemas e até propor soluções pelo resto da minha vida. Mas ninguém está, efetivamente, minimamente interessado no que tenho a dizer.

A cada visita volto pra casa um pouco mais deprimido com o Rio de Janeiro em particular e o Brasil como um todo. Usar o termo deprimido não é exagero, é fato. Me sinto sem energia só de ver o estado das coisas.

Dirigir, que já era um problema quando eu morava por aí, é um exercício de paciência franciscana. Não se vai a lugar nenhum nos horários de trânsito mais pesado, em menos de 2h. E nos horários de trânsito mais leve, os motoristas tentam compensar e estravazam toda a sua frustração numa fúria desmedida.

A divisão entre os que tem e os que não tem praticamente desaparece no Rio - diferente de São Paulo que isola os menos afortunados na periferia - e os que tem alguma coisa se esforçam, ao que parece com bastante sucesso, pra ignorar os que não tem nada. Enquanto isso os que não tem nada são açoitados com o poder aquisitivo que eles não tem a menor chance de alcançar e que provavelmente será inalcançavel pelos seus filhos e netos.

Hoje, enquanto dirigiamos num carro que muita gente não sonha em poder ter e ouviamos um CD da Elis, eu olhava para uma favela enorme e as crianças correndo descalças atrás de uma pipa avoada. E do túmulo Elis entoava a letra de "Maria, Maria":

De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas agüenta
Eu não sei se a sociedade está pior do que quando saí ou se eu estou menos tolerante a essa degradação num país que tem aspirações de longa data a ser uma nação importante no cenário mundial.

Só sei que me dá uma tristeza infinita vir aqui e presenciar tudo isso.

Nenhum comentário: