12 de setembro de 2008

Desmentindo as falácias dos brasileiros roxos (2)

Os frouxos correm...
Outra frase comum de ouvir, como expatriado que bota a boca no trombone, é algo nas linhas do acima.

Variações diversas: "Quem sai do Brasil é fracassado...", "Quem não tem coragem de lutar, sai.", etc. Mas o tema é o mesmo: sair do Brasil significa optar pelo caminho mais fácil ao invés de ficar e ajudar a corrigir o que precisa ser corrigido.

Como se a minha decisão de tentar a vida em outro país tivesse sido fácil, e o caminho pra chegar até onde eu cheguei não tivesse envolvido nenhum tipo de sacrifício. Foi assim: decidi sair e sai - nenhum entrave imigratório. Não houveram dificuldades de nenhuma espécie. Não há saudade da família, dos amigos, não há preconceito contra imigrantes, não há a longa curva de aprendizado, e não houveram dias de choro, de mágoa e de saudade.

A doutrina é: emigrantes são perdedores, fracassados ou frouxos.

O Brasil então é uma coleção de filhos, netos, bisnetos e tataranetos de perdedores, fracassados ou frouxos.

Correto?

Salvo os de etnia indígena, somos todos filhos dos perdedores dos outros países, não é isso?

Vencedores nascem, crescem e morrem nos seus países. A idéia é essa. Entendi bem?

Não importa se o emigrante ao chegar no país adotivo desenvolve uma carreira brilhante, não importa se eles são bem sucedidos quando no seu país de origem não conseguiam ser ou tinham sucesso limitado (e explorar o fato de que a mesma pessoa não conseguiu sucesso num país mas conseguiu no outro é um tabú a parte que jamais é explorado nem angaria frases de efeito), e muito menos o fato de eles terem de vencer adversidades com as quais quem ficou no Brasil não entende e nem sonha (eles lidam com outras adversidades, claro, mas quem sai do país viveu com as adversidades nacionais antes de sair).

Mas o que mata é o seguinte - essas pessoas continuam no Brasil, criticando quem saiu, e eu não vejo nenhuma delas (as com que tenho contato) fazendo NADA pra "corrigir o que precisa ser corrigido". Como essa "luta" seria deflagrada e qual seria o campo de batalha para corrigir o Brasil, eu nunca entendi.

Mas eu (e os milhares de outros expatriados) que aponto o que há de positivo aqui e que poderíamos adotar e que apresento pontos de vista novos baseado em uma experiência de vida com coisas que funcionam; sou frouxo...

Criticar o emigrante - principalmente o emigrante que é crítico do seu país de origem - é o esporte oficial dos nacionalistas roxos.

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