Apesar da visita descrita no post abaixo ter sido maravilhosa no quesito ver a família e alguns poucos amigos, por outro lado voltamos - eu e a esposa - absolutamente estupefatos e desgostosos com o que vimos.
Eu até dei um tempo bom antes de fazer esse post, porque não queria exagerar as coisas com as cores do impacto da visita recente.
Mas a verdade é que cada vez que vamos ao Rio, as coisas parecem piores.
O trânsito, que sempre foi assassino, está absolutamente barbárico. Voltando do aeroporto onde fui apanhar meus sogros que voltavam de Brasília, fomos cortados por um carro que só faltava ter escrito na lateral em letras vermelho sangue: "Bonde do Mal". Nos cortou e embicou em direção a uma favela ali perto da Linha Amarela (desculpem, não lembro o nome).
O crime tomou dimensões absolutamente inacreditáveis. Exemplos:
a) As pessoas comemorando a "determinação" do traficante da Rocinha de que não poderiam haver roubos ou qualquer tipo de crime entre o Downtown na Barra da Tijuca e o Humaitá. Gente esclarecida agradecendo ao ato do bandido.
b) Um relato de segunda mão: sequestro presenciado por um casal de turistas de São Paulo no Barra Shopping em plena quarta a feira à tarde!!! Viram uma mulher se jogada dentro de um carro, gritando por socorro, anotaram a placa do carro e relataram o ocorrido a uma patrulhinha da PM. Reação dos policiais: "Podem ficar tranquilos que nós vamos investigar!". Pior: os turistas me dizem que não se surpreenderam tanto porque "SP está igual".
c) As pessoas com medo de ir a qualquer lugar à noite. Quase um toque de recolher implícito.
d) Tudo MUITO, mas MUITO CARO!!! E tudo "maravilhosamente" parcelado em até 3000 vezes. Inacreditável. Uma saia, numa loja de um shopping menor, custava R$ 500. Quando comentei que o preço era ultrajante, fui informado que poderia pagar em 12 vezes "sem juros". Numa conversa com amigos, alguns - para o meu espanto - achavam isso a coisa mais normal do mundo e até um bom negócio porque era "sem juros"; outros deixaram claro que se não for nesse esquema ninguém compra nada. O "sem juros" entre áspas, para ficar claro, quer dizer que os juros já estão devidamente embutidos no ultrajante (SIM!!!) preço do produto...
e) A cidade do Rio absolutamente imunda. Mais do que de costume. A cidade de Brasília - que vá lá, não visitava há mais de 8 anos (e mesmo assim por um dia apenas, à trabalho, depois de ter morado lá por 11 anos) absolutamente emporcalhada e pixada.
f) Vários colegas desempregados, empregados mas sem receber devidamente, ou empregados ganhando muito mal porque não há empregos que paguem bem. E isso porque estamos falando de profissionais de informática com anos de experiência.
Fica a sensação - dividida com a minha esposa - de que voltar ao Brasil hoje seria um choque tão grande que não teriamos condições de suportar o impacto.
Isso sem falar no meu próximo post...
5 de dezembro de 2005
Várias decepções com o Rio...
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