Na empresa onde trabalho, estamos transferindo nossa estrutura de banco de dados de DB2 em Linux para SQL Server 2005. O motivo é a adoção de um software de CRM (Customer Relationship Management) que só funciona com SQL Server ou Oracle. É o melhor sistema de CRM para as necessidades da empresa e nós não temos nenhum bom motivo para estarmos casados com o DB2.
Sou um desenvolvedor. Na verdade, sou um analista de negócios que desenvolve relativamente bem - não sou capaz de criar um sistema operacional ou jogos em 3D (sinceramente, também não tenho interesse) mas traduzo bem as necessidades de empresas para software, em diversas linguagens de programação. O que faço bem mesmo é entender as necessidades efetivas da empresa. É mais difícil do que parece.
Não sou, definitivamente, um DBA. Até já trabalhei como DA (Data Analyst), portanto sei fazer modelagem de dados e conheço os conceitos de banco de dados relativamente bem. As circunstâncias nesse emprego atual me levaram a ser o backup do DBA da empresa. Se ele não está, por qualquer motivo, o DBA sou eu.
Como explicar que eu acabei sendo o cara que teve de converter todas as nossas estruturas em DB2 (tabelas, views, procedures, funções, triggers, etc) para T-SQL do SQL Server 2005? E o DBA acabou a cargo de tranferir os dados?
Como explicar que em 3 semanas eu converti todas as estrutras nos 4 bancos de produção, e agora estou escrevendo unit tests para que possamos garantir que, principalmente no caso dos triggers que sofreram uma mudança radical pela diferente maneira com que eles funcionam no SQL Server 2005, tudo funciona como funcionava no DB2; enquanto nosso DBA ainda não conseguiu transferir os dados de um banco pro outro?
Esse é o mesmo DBA que até antes de eu ser contratado ano e meio atrás, não entendia qual era a vantagem/necessidade de chaves surrogadas ou mesmo chaves primárias. E como não existiam chaves primárias, não havia integridade referencial. Ele - que agora insiste que normalização é fundamental mesmo quando não é - levou UM ANO convertendo as estruturas de Informix para DB2.
Um ano versus 3 semanas. 260 dias úteis contra 15 dias úteis. E eu converti mais estruturas que ele e a conversão foi mais complicada pela mudança de paradigma dos triggers (passamos de 160 triggers para 50).
Como uma pessoa dessa pode se manter por quase 15 anos empregado na mesma empresa???
Veja, meu julgamento aqui é meramente técnico. Eu não desgosto do cara. Não tenho nada contra ele como indivíduo, como pessoa. Meu problema é profissional.
Eu posso até não ser - como não sou - o topo de linha na minha área. Mas já que me propus a exercer a profissão, o mínimo que eu espero de mim mesmo é carregar meu próprio peso e fazer jus ao que me pagam.
Eu nunca aceitei emprego onde eu não pudesse carregar meu peso. E em mais de uma entrevista eu parei o entrevistador e disse: "Você está conversando com a pessoa errada. Se precisar eu te indico a pessoa certa...".
Tudo bem, eu entendo por experiência própria que o efeito Dunning-Kruger é uma realidade. O indivíduo não reconhece a própria incompetência, OK.
Mas porque a empresa se submete - e por tabela submete os outros funcionários - a presença e subsídio de um colaborador que não colabora e que na verdade acaba criando entraves ao bom desempenho da equipe???
É completamente irracional. E eu já vi acontecendo no Brasil e nos EUA. Vou arriscar dizer - e tenho noção que posso estar errado, mas duvido - que acontece no mundo inteiro.
É a pergunta da semana pra vocês pensarem: como é que pessoas incompetentes conseguem continuar empregadas sem serem pressionadas pra se tornar minimamente mais compententes?
PS. Sobre "o indivíduo ou indivídua (sic) ter família" e/ou sobre "todo mundo precisar de um emprego": isso não torna ainda mais importante que os mesmos sejam informados que precisam de treinamento e que precisam mostrar real habilidade na profissão que escolheram? E meu contraponto de sempre: e a moral dos profissionais que se esmeram em exercer a profissão de forma adequada?
23 de setembro de 2007
Profissionalismo e o ambiente corporativo...
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