E O Globo informa que, ao que parece, a Sub-Secretária de Saúde de Salvador contratou a morte de um outro funcionário da Secretaria - responsável pela área de licitações e contratos.
Claro, o fato de que a vítima trabalhava na área que tocava licitações aponta para um crime que objetivava queimar arquivo ou abrir o caminho para os cofres públicos. Qual dos dois, sinceramente, importa muito pouco.
O que importa, pra mim, é a constatação de que a sociedade brasileira atual chegou a um tal ponto de desensitivação com relação a violência na qual está imersa, que manda-se matar ou mata-se outro ser humano sem pensar duas vezes. Um empecilho mínimo, um detalhe num plano maior. Morto. Pronto.
E, como mencionei em outro post, a reação negativa da sociedade dura 1 dia ou 2, e depois o caso é esquecido e ingressa no vácuo do sistema legal brasileiro, onde além de levar tempo demais sendo avaliado, prescreve penas triviais (culpa do legislativo) e injustas (pobres sem defesa são punidos sumariamente, pessoas com um pouco mais na vida recebem um tratamento diferenciado).
Violência é um fenômeno da natureza humana. Mas se assombrar com a violência também deveria ser.
O que acontece no Brasil, cada dia mais, é a lenta e gradual destruição da humanidade na sociedade.
E tudo só tende a piorar...
10 de fevereiro de 2007
A sociedade que reverteu ao estado primitivo...
8 de fevereiro de 2007
Guerras...
Ontem, no rádio, um soldado americano relatava o resgate de uma menina de 6 anos e do irmão de 4 no Iraque. Eles assistiram a mãe e o pai serem mortos pelos insurgentes - de acordo com o soldado.
Chorei ouvindo o relato de como a menina acordava no meio da noite e chorava de dor (tinha sido alvejada com estilhaços de explosivos) e de desespero, clamando pela mãe.
Hoje, eu leio no Globo, que um menino de 6 anos foi arrastado pelas ruas do Rio e destroçado literalmente.
Tive de sair do meu escritório porque achei que fosse vomitar. Fiquei do lado de fora do prédio pensando em que tipo de criatura olha pra trás, vê uma criança sendo arrastada, provavelmente gritando em desespero, e acelera.
O ser humano é uma criatura capaz de atrocidades que eu, sinceramente, não consigo abarcar. Eu não consigo aceitar nem entender esse tipo de coisa.
Não é exclusividade do Brasil esse tipo de monstruosidade; só por isso menciono o caso Iraquiano. Mas claro que uma coisa que acontece na cidade da gente, no país da gente, é uma pancada surda no estômago.
6 anos. Esse menino nem começou a pensar em viver. E como os pais dessa criança vão acordar amanhã sem o filho? Eu ficaria louco. De desespero e de dor. Só de pensar que se eu ainda estivesse no Brasil isso poderia ter acontecido com a minha filha... Deus os ajude.
4Km e nem um policial? Estacionar um carro depois de assassinar brutalmente uma criança e sair caminhando tranquilamente?
Que mundo é esse?
A diferença maior entre as duas tragédias - a do Iraque e a do Rio - é que no caso da primeira o país está em guerra declarada.
No Rio vão chamar esse assassinato brutal de crime. E vão continuar tapando o sol com a peneira. Dizendo que tem jeito e que pode-se resolver o problema. Dizendo que o que aconteceu foi uma tragédia e que o combate ao crime vai ser aumentado, que forças policiais de outros estados se juntarão as do Rio, que a justiça será feita.
MENTIRA!
Tudo mentira!
Ninguém dá a mínima. As pessoas estão insensíveis para a realidade na qual estão imersas. Balançam a cabeça ou se indignam por 1 ou 2 dias, depois esquecem.
Mas os pais desse garoto não vão esquecer NUNCA.
A culpa é dos bandidos. Mas é também dos governantes. E da sociedade que insiste em colocar no poder os mesmos canalhas que não resolveram e não resolvem nada. Da sociedade que continua pagando os impostos pra sustentar essa corja que não cumpre o que promete ou sequer o seu dever.
Ódio! Desprezo! Só isso que eu consigo sentir!
Nunca senti tanta vergonha de ser carioca. Nunca senti tanta raiva de ser Brasileiro.
Mais uma criança morta! Mais um brasileiro virou estatística nessa guerra não declarada!
E nenhum governante tem o culhão de chamar a realidade brasileira pelo nome que ela merece.
GUERRA!
Estamos em guerra!
De um lado os bandidos que não respeitam nada, nem a vida de uma criança. Coadjuvados por policiais mal treinados, mal pagos, mal equipados e, em geral, desesperançados. Se garantindo na imobilidade do poder público graças a blindagem natural que o poder dá a governantes que estão acima do resto da população e não precisam se incomodar com o que sofremos. Misturados a uma classe pobre que não tem como reagir aos vizinhos, pois são mortos e nem menção num jornal recebem.
E, comprimidos entre os bandidos armados e os bandidos de terno, a classe média que restou vai sendo morta, esfolada, violentada; num ritmo frenético e com crescente virulência.
Porque não acontece uma revolta no Brasil, eu não sei. Porque nós não começamos a levar a classe política e aos extraordinariamente ricos um pouco do fel do dia a dia da classe média e da impotência da classe pobre; eu não sei.
O que falta acontecer? Um bandido desses detonar uma bomba nuclear num centro urbano?
6 de fevereiro de 2007
A astronouta de mármore...
A notícia da astronauta que - ainda que casada e com três filhos - tentou raptar com a intenção, ao que parece, de matar uma rival por um interesse amoroso extra-conjugal; tomou conta do noticiário internacional.
Pros americanos mesmo, a notícia é de interesse público mas ninguém está muito assustado...
Existe um nome pra uma camada da sociedade aqui que é bem aplicável a este caso. White trash.
Houve uma época que white trash tinha haver com o nível economico das pessoas. Mas num país onde a mobilidade financeira é muito mais fácil de alcançar do que nos países em desenvolvimento, acabou se tornando uma marca de um comportamento aberrante em termos de educação. Ou seja: brancos ignorantes, normalmente pobres, tem grandes chances de ser white trash.
O comportamento dessa senhora é totalmente esperado de uma pessoa do segmento white trash. Ninguém se espanta com o que aconteceu, porque esse tipo de coisa é quase comum nesta camada social. O que espanta o pessoal aqui é que, em teoria, astronautas passam por um ciclo de avaliações que deveria os ter em uma categoria à parte. Inclusive, psicológicamente, são pessoas que deveriam ser extremamente centradas.
O que a imprensa deveria estar perguntando é: será que em nome do politicamente correto as avaliações tem peso diferentes para diferentes segmentos da população? Será que baixaram o nível de requerimentos para astronautas pra poder dizer que existem mulheres astronautas?
Eu não sou contra a igualdade entre sexos. Ou igualdade de qualquer espécie.
Mas igualdade quer dizer igualdade de direitos e deveres.
Há pouco tempo, o corpo de bombeiros de um estado americano baixou as exigências físicas para entrada na corporação a fim de garantir a entrada de mulheres, em nome da igualdade entre sexos. Não me levem a mal, mas se eu estiver desmaiado dentro de um prédio em chamas, eu quero um bombeiro que consiga me carregar pra fora. Se homem ou mulher, não me importa. O importante é a capacidade de realizar o trabalho.
Talvez a NASA tenha sido mais uma vítima do politicamente correto vencendo o lógico...